Publicando um texto muito interessante sobre os próximos passos da Nota Fiscal Eletrônica que serão implantados em 2012. Em breve as empresas terão acesso a todas as NFe destinadas a mesma, devendo confirmar ou rejeitar estas compras antes de escriturar estes documentos fiscais. Recomendo.
por Álvaro Bahia*
Durante o ano de 2011 as
Secretarias de Fazenda Estaduais (Sefaz), representadas pelo Encontro Nacional
de Administradores Tributários Estaduais (ENCAT) e a Receita Federal do Brasil
(RFB), se concentraram na busca da melhoria da qualidade das informações
prestadas através das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e), implantando diversas
regras de validação, além de concretizarem o processo de obrigatoriedade de
emissão da NF-e para praticamente todos os tipos de operações, entre empresas,
envolvendo a produção e a comercialização de mercadorias, de forma uniforme e
padronizada em todas as Unidades Federadas (UF). Em janeiro/2012 temos mais de
1 milhão de contribuintes autorizados a emitir NF-e, que são responsáveis por
um volume de autorizações de 180 milhões de NF-e/mês, em ambientes de
autorização robustos e com tempos de resposta abaixo de 1 segundo. O modelo e
os números apresentados pela NF-e credenciam o Brasil como o maior exemplo de
sucesso entre todos os países que atualmente usam um processo similar de
autorização eletrônica de faturas, como é o caso da Argentina, Chile, México,
entre outros.
Para o ano de 2012, entre
outras ações, nos concentraremos na implantação da etapa mais importante do
processo de evolução da NF-e, que será responsável por uma transformação ainda
maior do que a própria implantação da NF-e, a qual denominamos NF-e de Segunda
Geração (NFe 2G).
A NF-e 2G possibilitará uma
integração, ainda maior, entre diversos sistemas, Secretarias de Fazenda
Estaduais, RFB e demais empresas e órgãos envolvidos no processo de produção,
comercialização, transporte e controle de trânsito de mercadorias, através de
um processo similar a um modelo de cloud, muito semelhante ao recentemente
implantado por uma mundialmente conhecida e inovadora empresa que atua na área
de tecnologia, que permite o compartilhamento automático de fotos tiradas nos
seus smartphones com os demais artefatos de sua plataforma.
Para uma fácil compreensão
de como funcionará a NF-e 2G na Cloud Fiscal, imaginemos a NF-e como um extrato
bancário que registra todos os fatos que ocorrem em uma determinada conta
corrente, desde a sua abertura (emissão) até o seu encerramento (decadência),
assim, após a emissão e autorização de uso da NF-e pelas Sefaz da circunscrição
do contribuinte, todos os eventos passarão a ser automaticamente registrados
neste documento, sem a necessidade de
interação humana para o
registro de diversos fatos que são importantes para os processos de controle,
tanto das Administrações Tributárias, como para as empresas emissoras,
transportadoras e destinatárias da NF-e. É exatamente por isso, que este
processo já começou a ser chamado pelas empresas envolvidas nos testes como o
iFISCO brasileiro, em alusão ao iCloud da Apple.
Os primeiros eventos, já
mapeados e em testes em empresas como a Petrobras, Panarello, Gerdau, Lojas
Renner, AGCO, entre outras são:
1) Emissão de um
Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) pelo transportador contratado pelo
emissor da NF-e para realizar as entregas das mercadorias ao destinatário
(Evento: CT-e Emitido)
Ao ocorrer este fato as
informações sobre o transportador, data e hora de emissão do documento serão
imediatamente agregados ao conteúdo original da NF-e a qual o CT-e se vincula,
notem que estamos falando de diferentes documentos, emitidos por contribuintes
distintos em diferentes períodos.
Este processo permitirá a
criação do conceito de presunção da efetiva saída da mercadoria do
estabelecimento emissor da NF-e e evitará a autorização de cancelamentos de
NF-e já vinculadas ao CT-e, além de iniciar o prazo de validade de uso do DANFE
para realizar o trânsito físico de mercadorias nos estados que utilização este
conceito
2) Manifestação do
Destinatário
Antes do conceito da NF-e 2G
o destinatário da mercadoria, apesar de ser um ator tão importante como o
próprio emissor , não participava do processo de validação da autenticidade do
documento fiscal, a não ser quando era intimado pelo fisco para circularização
de informações, processo extremamente complexo de ser realizado na prática,
principalmente nas operações interestaduais.
Com a implantação desse
evento o destinatário da mercadoria, localizado em qualquer UF, poderá:
a) Tomar ciência, todas as
vezes que forem emitidas NF-e onde este aparece como destinatário (Evento –
Ciência da Operação);
b) Realizar o download da
NF-e, no ambiente da Administração Tributária, para as operações onde foram
registradas a ciência da operação e o emitente deixou de enviar o arquivo XML
da NF-e (Evento – Download da NF-e);
c) Manifestar-se, informando
que desconhece a operação, quando não reconhecer a autenticidade da operação
comercial informada pelo emissor, que está, indevidamente, utilizando sua
Inscrição Estadual com o intuído de fraudar a Administração Tributária (Evento
– Desconhecimento da Operação);
d) Confirmar o recebimento
da mercadoria, quando da entrada dos produtos em seu estabelecimento (Evento –
Confirmação do Recebimento);
e) Informar a devolução
total ou parcial da mercadoria, quando as mercadorias recebidas não atenderem
as especificações contidas no pedido (Evento – Devolução de Mercadorias)
Todos esses eventos serão
processados eletronicamente, via Webservices (grandes empresas) ou através do
Programa Confirmador Gratuito a ser disponibilizado pelo fisco (médias e
pequenas empresas) de forma totalmente integrada com a “Cloud Fiscal” e
aparecerão na NF-e 2G “como se fosse mágica”, plagiando a fala do saudoso Steve
Jobs em sua apresentação no lançamento do iCloud.
Os eventos também alcançarão
fatos registrados por outros atores que atuam na área de controle de
internalização de mercadorias em áreas de incentivos fiscais, como o registro
de vistoria internalização da mercadoria na SUFRAMA e registro de entradas na
zona primaria da área ADUANEIRA, o que configurará a efetiva ocorrência da
entrada da mercadoria na área incentivada e exportação física da mercadoria,
respectivamente.
Seguramente, vislumbramos
neste metafórico conceito de “Cloud Fiscal”, uma grande revolução para as
Administrações Tributárias e empresas, muito maior que a própria implantação da
NF-e, que passarão a usufruir dos seguintes benefícios:
Para o Emissor da NF-e:
·
Maior segurança e redução de custos no
processo de aceite das notas fiscais-fatura, que atualmente e feito manualmente
através da assinatura do destinatário no canhoto contido no rodapé do DANFE.
Para o Destinatário da NF-e:
·
Maior segurança no controle do uso indevido
de sua Inscrição Estadual em processos fraudulentos de emissões de NF-e;
·
Possibilidade de baixar as NF-e não enviadas
pelos seus fornecedores, diretamente do ambiente da Administração Tributária,
facilitando o processo de escrituração fiscal e contábil diretamente do arquivo
XML da NF-e
Para as Administrações
Tributárias:
·
Maior controle dos benefícios provenientes
das saídas de mercadorias isentas para áreas incentivadas e exportação;
·
Redução no uso indevido de Inscrições
Estaduais para simulação de operações interestaduais.
Como os benefícios se
estendem à todos os atores envolvidos, o processo de implantação em ambiente de
produção se dará de forma espontânea, a partir do primeiro semestre de 2012,
sendo ampliado para outros eventos já mapeados, conforme o fôlego da equipe de
desenvolvimento do Sistema NF-e.
Todos esses conceitos acima
descritos, não representam mais um mirabolante “Projeto Guerra nas Estrelas”,
como citado no início do Projeto da NF-e, apesar de estarmos falando de um
“Estado” como agente indutor do maior B2B do planeta, os citados eventos já se
encontram em testes no Ambiente da Sefaz Rio Grande do Sul (Procergs), contando
com o apoio e a participação de representantes das áreas fiscal e de TI de
algumas grandes empresas convidadas para participarem do projeto piloto, como a
Petrobrás, Panarello, AGCO do Brasil, Lojas Renner, Gerdau, entre outras.
Concluídos os testes neste ambiente, iniciaremos a discussão da legislação
junto a COTEPE e a transferência dos processos para o Ambiente Nacional da NF-e.
De forma complementar e
integrada a implantação do conceito da “ NF-e 2G na Cloud Fiscal”
consolidaremos, ainda no ano de 2012, outros importantes projetos em andamento,
como:
·
Denegação Interestadual de NF-e para
contribuintes inaptos;
·
Implantação da Sefaz Virtual de Contingência;
·
Desenvolvimento do conceito e implantação da
NF-e de Retificação (solução definitiva para substituição do cancelamento),
entre outras ações.
Por fim, alinhadas as
atividades do Sistema NF-e previstas para o ano de 2012, desejamos a todos um
Feliz Ano Novo e informamos que nossa próxima reunião ocorrerá no final de
março, em data a ser confirmada.
*Álvaro Antônio da Silva
Bahia é Coordenador Técnico do Encat, Líder Nacional Sistema NF-e
Fonte:
www.joseadriano.com.br
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