O jornalista britânico Ben Hammersley fala sobre o impacto da tecnologia nas pessoas, na sociedade, na política e nos negócios
São Paulo — O jornalista britânico Ben Hammersley criou uma espécie de guia de viagem para o futuro digital. Seu livro “64 Things You Need to Know Now for Then: How to Face the Digital Future without Fear” (“64 Coisas que você deve saber: Como enfrentar o futuro digital sem medo” – ed. Hodder & Stoughton; ainda sem edição em português), lançado na semana passada na Inglaterra, trata do impacto da evolução tecnológica na política, na sociedade, nos negócios e na vida pessoal de cada um.
Em cada capítulo, Hammersley apresenta suas reflexões sobre um tema específico, tentando mostrar para onde a tecnologia caminha e que implicações isso traz para as pessoas. O jornalista – que esteve no Brasil em 2011 participando da Campus Party – é editor especial da da revista Wired inglesa e está envolvido em vários outros projetos em diferentes países.
Hammersley já havia escrito outros cinco livros sobre o impacto da internet e da tecnologia digital na sociedade. Nesta última obra, ele não teve preocupação em contar uma história. Em vez disso, alinha 64 capítulos independentes. O primeiro deles é dedicado à Lei de Moore, a genial constatação de um dos fundadores da Intel, Gordon Moore, que o poder dos chips digitais dobra a cada dois anos.
A escolha desse tema para iniciar o livro não foi feita ao acaso, é claro. “É por causa da Lei de Moore que o resto deste livro se torna possível. Precisamos entender suas ramificações antes de continuar”, escreve Hammersley. E as ramificações parecem infindáveis. Um executivo que leva 20 anos para chegar ao topo da carreira verá a tecnologia da informação se tornar meio milhão de vezes mais poderosa nesse período, observa ele. Até lá, muitas coisas que esse profissional aprendeu na faculdade talvez não se apliquem mais.
Hammersley prossegue com temas como web semântica, nuvem, acesso a dados do governo, compras coletivas, soldados-robôs, o futuro da mídia e dezenas de outros. Em cada caso, ele retrata como o ritmo inabalável da Lei de Moore tende a transformar a vida pessoal, as relações sociais, as estruturas de poder e os negócios.
O autor parece consciente das limitações de um livro como esse. “Escrever um livro sobre o futuro é, em muitos aspectos, fútil. Não há a menor chance de construir uma narrativa que vá se tornar verdadeira”, alerta ele logo no início. Ainda assim, o exercício de analisar tendências atuais e suas prováveis implicações futuras, a que ele se dedica no livro, parece natural e saudável.
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