Este é um texto
foi publicado no início do ano mas ainda muito atual. Foi elabora pelo Alexandre
Galhardo e publicado originalmente em http://www.seuconsultorfiscal.com.br/ .
Um bom texto para refletirmos sobre os impactos do SPED. Quanto
mais eu estudo, quanto mais eu conheço este “novo mundo digital”, mais eu
acredito que o maior desafio do SPED é a mudança cultural. Como o nobre Roberto
Dias Duarte sempre afirma: “Novos problemas não se resolvem com velhas
soluções”.
Vamos ao artigo:
Prezados Colegas,
Certa vez um
Rei decidiu dar uma grande festa em seu castelo. Convidou não apenas as pessoas
mais importantes do seu reino, mas também os reis, rainhas, príncipes,
princesas e as maiores autoridades dos reinos vizinhos. Mandou preparar o que
havia de melhor em comida e bebida para dois dias de grande festa e alegria.
O motivo de
tanta comemoração era os últimos sucessos que seu reino estava obtendo. O seu
Exército havia liderado uma brilhante vitória em uma recente batalha contra
reinos inimigos. No campo dos negócios, a produção de alimentos do seu reino
estava sendo exportada para terras longínquas, trazendo grandes lucros para o
reino. O povo trabalhava muito, mas vivia feliz. A vida era difícil, mas todos
tinham a certeza de que seria possível alcançar dias melhores. Enfim, naquele
reino tudo era prosperidade, sucesso e paz. Nos dias da festa, todos os
convidados ficaram maravilhados com a suntuosidade das acomodações, com o luxo
e a beleza do castelo. Ficaram lisonjeados com a amabilidade das pessoas, com o
capricho e atenção com que foram recebidos. Encantaram-se com a fartura e,
principalmente com a gentileza, simpatia, educação e cordialidade do grande
anfitrião. O Rei era só sorrisos e alegria. Mesmo se esforçando para demonstrar
a pessoa simples que era, todos o admiravam de maneira tal que parecia mais
ilustre que todos os presentes.
Num determinado
momento do grande baile, um Príncipe que havia sido convidado, disse a um dos
seus Conselheiros, em quem confiava plenamente: - Meu caro, se o motivo dessa
comemoração toda é o sucesso do reino, creio que estamos fazendo festa para a
pessoa errada.
- Desculpe-me
Alteza. – disse o Conselheiro – Não entendi o que quis dizer. Poderia me
explicar melhor?
- Ora,
Conselheiro! Não estamos comemorando o sucesso do Exército na recente batalha?
Não foi o Exército o responsável por manter a salvo não só o reino mas toda
nossa região?
-
Exatamente, Alteza!
- Pois então
não deveríamos estar enaltecendo o Rei. Ele não estava na linha de frente, não
participou da batalha. Não foi ele quem arquitetou como ganhar a luta.
Deveríamos estar aplaudindo o Ministro do Exército. Ele sim conquistou a
vitória. Ele é o responsável pela estratégia vitoriosa. Ele, o Ministro do
Exército, é que merece nossos cumprimentos. É a ele que deveríamos festejar,
não ao Rei.
O Conselheiro
que ouvia atentamente permaneceu em silêncio por alguns segundos e quando ia
dar a sua opinião, novamente falou o Príncipe:
- E quanto aos
negócios, Conselheiro! Por acaso foi o nosso anfitrião o responsável por
conseguir tantas parcerias e aliados, tantas negociações e vendas dos produtos
do seu reino? Não, claro que não. Isso aconteceu pela habilidade e capacidade
do Ministro dos Negócios. Este, sim, viajou, trabalhou, negociou e conseguiu
importantes acordos comerciais para o Reino. É ao Ministro dos Negócios que
deveríamos festejar e não ao Rei.
- E o que me
diz, Conselheiro, da felicidade do povo? – continuou o jovem Príncipe, embalado
por sua eloqüência – Será mesmo que devemos acreditar que o Rei conhece todo o
seu povo, que conhece todos os seus problemas? Será mesmo que se não fosse a
Ministra dos Assuntos do Reino o Rei teria conseguido eliminar as rebeliões,
brigas e disputas que até pouco tempo existiam por aqui? Por acaso não foi a
Ministra dos Assuntos do Reino a pessoa que negociou impostos justos e as
formas de oferecer os benefícios que a população pedia? Não foi a Ministra quem
conseguiu estabelecer a paz interna e a confiança no Reinado de nosso
Anfitrião? É por isso que eu digo, Conselheiro. Esta festa está maravilhosa,
fomos muito bem recebidos, mas estamos festejando as pessoas erradas. Apesar do
Rei nosso anfitrião ser uma pessoa de bom coração, não deveríamos estar fazendo
festa pra ele. É exatamente isso que penso.
Neste instante,
o Conselheiro que permanecia ouvindo, olhando com o carinho de um pai, disse
para o jovem Príncipe:
- Parabéns,
Alteza. Vejo que o futuro de nosso Reino será brilhante quando estiver em suas
mãos. Vejo que analisou corretamente o trabalho de cada um dos Ministros do
Reino. A importância de cada um ficou bastante clara, segundo as suas palavras.
Quanto a isso, não discordo. Porém, devo dizer que Vossa Alteza deixou escapar
o mais importante.
O jovem
Príncipe, antes tão certo de suas convicções, ficou um tanto quanto confuso. E
o Conselheiro continuou:
- Alteza,
enquanto um Ministro sabe as estratégias necessárias de ataque e defesa para
ganhar uma guerra, outro é especialista em fazer negócios, outro ainda em
aproximar o povo de seu governante e assim por diante. Porém, de que
adiantariam essas virtudes se estivessem colocadas nos lugares errados? Por
isso, mesmo que o Rei não tenha nenhuma das habilidades de seus Ministros é a
ele que devemos festejar porque foi ele quem soube colocar as pessoas certas
nos lugares certos. Esse é o grande mérito de sua Majestade, nosso anfitrião.
Ilustres
Senhores Empresários, Senhores Profissionais, Senhores Sonhadores com um futuro
melhor e mais brilhante. Apesar de parecer mera ficção esta história precisa
acontecer em todas as nossas empresas. Quantas e quantas vezes nos deparamos
com situações causadas pelo fato de que as pessoas erradas executam as tarefas
erradas em nossas empresas. E em grande parte das vezes, o erro não é a falta
de competência, de capacidade, de vontade ou de inteligência. O cerne da
questão reside na aplicação adequada do conhecimento de cada um, do aproveitamento
das experiências e, principalmente, do aperfeiçoamento de cada ser humano
ajustado às necessidades da empresa.
Uma das maiores
implicações desse quadro é o agravamento da situação financeira da empresa
principalmente pelo não aproveitamento de todas as oportunidades legítimas que
a lei oferece para a redução da carga tributária, por exemplo. Esta, a carga
tributária, sempre pareceu ser a maior preocupação do empresariado
brasileiro.
E as causas da
preocupação com a carga tributária são evidentes se observarmos em nosso
ordenamento jurídico a quantidade de normas cuidando de assuntos tributários.
São mais de 3.000 normas em vigor (Constituição Federal, Leis Complementares,
Leis Ordinárias, Medidas Provisórias, Decretos- Lei, Decretos, Portarias, etc.).
São mais de 55.000 artigos, 33.000 parágrafos, 23.000 incisos e quase 10.000
alíneas. É muita informação que precisa ser cuidadosamente observada, analisada
e aplicada da melhor forma possível.
Em função
disso, temos que o CUSTO TRIBUTÁRIO é o principal item na composição de preços
de produtos e serviços, é o que mais pesa. Portanto, pensar e aplicar os
conhecimentos adequados, utilizando-se corretamente das possibilidades de
redução da carga tributária, é conseqüência da globalização, é uma das ferramentas
da competitividade e uma condição indispensável e insubstituível de
sobrevivência no mercado econômico.
Infelizmente
ainda, para muitos, diminuir a carga tributária é entendido como sinônimo de
sonegação – apesar de que uma coisa nunca teve nada a ver com a outra. Quem
acredita que sonegando está diminuindo a carga está redondamente enganado. Quem
se utiliza do hábito de espelhar notas fiscais, adulterar documentos, dentre
outras práticas não recomendáveis, imaginando que está reduzindo a carga, na
verdade está reunindo peças importantíssimas de uma bomba-relógio. E quando,
se, houver a detonação, será difícil reunir os pedaços.
Sonegar nunca
foi sinônimo de diminuição de carga tributária. Ainda mais nos últimos tempos
em que a Receita Federal, por exemplo, vem conseguindo resultados fantásticos
no aumento da arrecadação e no combate à sonegação. Para se ter uma idéia, no
ano de 2008, as autuações totalizaram quase R$79 bilhões – o que significou um
crescimento de 52% em relação ao ano anterior. Esse valor corresponde a 95,1%
do total de créditos tributários recuperados pela União.
Então, surge
inevitavelmente a pergunta: QUAL É A MÁGICA QUE A RECEITA FEDERAL ESTÁ FAZENDO
PARA CONSEGUIR AUMENTAR A SUA ARRECADAÇÃO SEM AUMENTAR O NÚMERO DE
FISCAIS?
A Receita
Federal só está conseguindo esses fantásticos números por estar apostando em 03
principais ferramentas de trabalho, verdadeiras armas no combate à sonegação, e
que tem se mostrado extremamente eficientes: 1) a tecnologia; 2) a informação
e; 3) a qualificação de seus servidores. Segundo ela, o trabalho de
fiscalização hoje em dia está centralizado em dois movimentos: a modernização e
novas técnicas de inteligência – o que significa, aplicação adequada do
conhecimento. Hoje em dia os fiscais saem da repartição com todas as
informações necessárias, sabendo exatamente o que buscar, sem a necessidade de
ficar vasculhando pilhas e pilhas de papéis. O fiscal sabe onde e exatamente
como a empresa está cometendo irregularidade.
Senhores
Empresários! Observem que para a Receita Federal possuir equipamentos e
computadores de primeiríssima grandeza e não investir na qualificação dos seus
servidores seria muito mais pernicioso e prejudicial do que continuar
utilizando tecnologia do início do século passado. Investir no conhecimento é
absolutamente fundamental.
Então, eu lhes
trago uma dúvida: será mesmo que se esta fórmula funciona para a Receita
Federal não funcionaria para sua empresa? E muito mais importante do que
tecnologia, investir no conhecimento, apostar no potencial humano, tem sido uma
das estratégias mais brilhantes adotadas pela Receita. Hoje nós poderíamos
falar de temas que vão desde a constituição da empresa, formatação do contrato
social, formas de contratação e remuneração de funcionários, desenvolvimento da
atividade empresarial, enfim, de diversos aspectos legais. Mas falando de
maneira especial sobre a questão tributária, quantas e quantas empresas estão
pagando tributos indevidos por falta de conhecimento e informação? Quantas e
quantas possibilidades reais, legais e legítimas de redução da carga tributária
estão sendo desperdiçadas, jogadas no ralo, todos os dias pela falta de
conhecimento?
Quantos riscos
desnecessários as empresas estão correndo por não estarem preparadas? Quantos
problemas trabalhistas, financeiros e comerciais poderiam ser evitados se as
empresas utilizassem os conhecimentos adequados?
Quantas
empresas vão pagando seus tributos – e reclamando – sem parar um instante para
analisar o que é possível fazer para reduzir a carga tributária? Muitos pagam
porque a lei manda, mas não sabem explicar porque. Não são capazes de pensar,
por exemplo, sobre seu enquadramento fiscal – devo estar no simples? O melhor
sistema de apuração é lucro presumido ou real? Se eu abrir uma outra empresa
vou diminuir ou aumentar a minha carga tributária? É possível abrir uma outra
empresa e economizar? Talvez até já tenham ouvido falar a respeito, mas, na
prática, muitos não fazem a menor idéia do que seja um planejamento tributário.
E quanto dinheiro não está sendo jogado fora pela falta destas informações?
Algumas das
grandes empresas do país estão saindo na frente e já estão colocando em
funcionamento práticas arrojadas como por exemplo, dentro de um planejamento
tributário, estabelecer metas de redução da carga tributária – da mesma forma
que estabelecem metas de vendas, de captação de clientes, etc.
E o que dizer
do patrimônio? Quantas empresas estão trabalhando e deixando o seu patrimônio à
mercê dos riscos econômicos, das multas e da saúde financeira do mercado?
No dia-a-dia
encontramos situações realmente interessantes. Alguns empresários tentam se
justificar dizendo que não podem ter como funcionários profissionais de um
gabarito mais elevado porque estes custam muito caro. Certamente. Porém, existem
profissionais e empresas que podem perfeitamente orientar a tomada de decisões
da empresa sem que pra isso seja necessário contrata-los como funcionários.
Surge então uma outra interrogação: quem irá gerenciar e conduzir as
modificações, propostas e sugestões no dia-a-dia da empresa? É preciso que
alguém tenha um mínimo de conhecimento para conduzir o processo. Investir na
aplicação do conhecimento é indispensável para a sobrevivência de qualquer
empresa, de qualquer atividade ou porte.
E UMA OBSERVAÇÃO
EXTREMANENTE IMPORTANTE: Nenhuma empresa é constituída de estrutura metálica,
alvenaria, vidros e telhas. TODAS AS EMPRESAS SÃO CONSTITUÍDAS DE PESSOAS. Em
outras palavras, poderíamos dizer que AS EMPRESAS NÃO SÃO A SALA, MAS AS
PESSOAS QUE OCUPAM A SALA. Investir na empresa significa investir no ser
humano, é apostar na sua capacidade de produzir mais. É apresentar os desafios
e fornecer as ferramentas necessárias para que as pessoas cresçam. É acreditar
na disseminação do conhecimento como forma de crescimento – pessoal,
profissional e, principalmente, EMPRESARIAL. Investindo no conhecimento das
pessoas elas estarão elevando a empresa simplesmente porque uma é parte
integrante da outra.
Muitos tentam
se precaver sonhando pequeno. Faz sentido porque quanto maiores são os sonhos,
quanto maior você idealiza sua empresa, maiores são os riscos. O futuro não é
aquilo que fazemos dele, mas sim aquilo que investimos nele. Um dos maiores
problemas do mundo atual, não é conseqüência da globalização, da inflação ou da
diferença social, mas sim a dificuldade que as pessoas têm de sonhar. É preciso
persistência e determinação. Buscar o caminho do sucesso e da felicidade é como
garimpar ouro: trabalha-se duro de sol a sol e o ouro somente surge, depois de
se retirar muito cascalho.
Pode ser até
que a vida já lhe tenha pregado alguma peça, que você tenha tropeçado em alguma
armadilha do mundo empresarial. Mas se isso aconteceu, foi apenas porque você
estava andando, você não estava parado. Ocupar o tempo em simplesmente preocupar-se
com a carga tributária impede, limita ou, no mínimo, dificulta a capacidade de
crescimento de qualquer empresa. O problema na realidade não é a carga
tributária, mas o que fazer com ela.
Para se manter
no mercado, para obter competitividade é preciso idealizar como será feito o
amanhã de sua empresa. É preciso pensar a respeito do futuro, é preciso
planejar os movimentos e alterações da rota. Para tudo isso é preciso buscar
conhecimentos, é preciso estar amparado por uma equipe igualmente eficiente e
atualizada.
Desta forma,
sim, será possível sonhar com um futuro mais brilhante para sua empresa.E,
pode ser que você não chegue onde quer, mas no mínimo o seu sonho irá tira-lo
de onde você está.
A todos
vocês que tiveram a paciência e a delicadeza de ler este texto, meus sinceros
agradecimentos.Veja Também:
Comentários
Postar um comentário
Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.