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Mundo Contábil | Contabilistas em Tempos Modernos



Por Alex Araujo

Outro dia estava assistindo ao filme "Tempos Modernos", um clássico do gênio Charlie Chaplin. Este filme foi produzido em 1936 e nunca esteve tão atual dentro do conceito de sociedade moderna. Todavia, eu, enquanto contabilista peço licença e tomo a liberdade de me apropriar de algumas idéias desta magnífica obra, para demonstrar o quanto as mesmas fazem parte de nosso cotidiano.


O filme se inicia em uma fábrica onde os operários são constantemente monitorados pelo dono, através de circuito interno de TV, recurso que não existia na época. Além do "monitoramento digital" os operários eram vigiados por supervisores e capatazes, que os forçavam a produzir continuamente, sem descanso, exceto para o almoço e toalete (muito rapidamente). Em um determinado momento uma mosca pousa no rosto do personagem de Chaplin e ele embora incomodado, não pode parar sua produção para espantá-la. Neste momento visualizo nós, profissionais contábeis, abarrotados de atividades a serem cumpridas em tempo hábil (produção). Estamos constantemente sendo monitorados por sistemas que cruzam informações e vigiam se estamos fazendo tudo certo de acordo com a visão do fisco. Os fiscais, embora no cumprimento de seu dever, ficam em cima de nós, como os supervisores e capatazes da fábrica, nos cobrando, nos pressionando, mais em busca de uma brecha do que de acertos. Como se não soubéssemos que um pequeno erro pode nos custar duras penalidades.

A mosca que incomoda o personagem simboliza o quanto abdicamos de nossas vidas, sem ter tempo até para cuidar de coisas simples e isso irrita bastante. Por conta de tantas obrigações acessórias a serem apresentadas, tantas responsabilidades, deixamos de cuidar de nossas vidas da maneira adequada para cuidar dos problemas de nossos clientes. Quantos profissionais estão deixando de cuidar de sua saúde, de seus estudos, de suas finanças, família, porque dedicam quase todo o seu tempo para atender exigências fiscais, contábeis, legais, etc ?

Num outro trecho do filme, o dono da fábrica aparece de repente numa tela de vídeo dando ordem para que o capataz aumente a velocidade das máquinas e consequentemente acelere a produção. Isto me lembra o momento em que estamos produzindo normalmente e inesperadamente os órgãos de fiscalização implementam uma nova declaração, com um tempo extremamente curto para a entrega e isto acelera demasiadamente o ritmo de trabalho (como se já não tivéssemos o bastante). Muitas vezes para dar conta é necessário contratar mais mão de obra, aumentando assim as despesas. Se não quiserem ter mais gastos é simples: trabalhe mais e trabalhe até mais tarde. Você é obrigado a adaptar-se ao ritmo que lhe é imposto.

Retornando ao filme, após acelerar o ritmo de trabalho, o personagem de Chaplin começa a ter surtos seguidos de tiques nervosos, provocados por esforço repetitivo. Quantos profissionais se encontram assim neste momento ? Os tiques aqui representam o forte estresse ao qual somos submetidos sumariamente. Assim como o personagem do Chaplin surtou, imagino que falta muito pouco para que muitos profissionais da área contábil também tenham surtos. Muitos erros cometidos pelos colegas e por nós mesmos acontecem por conta do cansaço, fadiga, estresse, etc. Resumindo: muitos são induzidos ao erro.

A realidade atual se confunde com a ficção e a rotina dos contabilistas nesses "Tempos Modernos" parece um filme interminável. Seria cômico se não fosse trágico, contudo, este é o drama vivido pelos contabilistas, documentado verdadeiramente num filme em preto e branco.
www.administradores.com.br | via www.joseadriano.com.br

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