Por Sidnei Oliveira
Caracterizada pela habilidade de ser “multitarefa” e da maneira passiva pela qual recebeu tal caracterização, me arrisco a dizer que a Geração Y vem deixando o mercado um tanto mal acostumado. Tá certo que gostamos de ser assim – e modéstia a parte, fazemos isso muito bem –, porém, percebo que as empresas, que são justamente as mais beneficiadas com tudo isso, andam confundindo o termo “profissional multitarefa” com “profissional ‘apaga-incêndio’”.
O profissional “multitarefa” é aquele que desempenha mais de uma atividade com eficiência e não compromete seu resultado por isso. Já o profissional “apaga-incêndio” inicia diversas atividades ao mesmo tempo, às vezes as finaliza, outras não. Ele nunca consegue chegar àquela que é realmente sua responsabilidade. Na verdade, age como se estivesse contaminado pela síndrome do “eu quero abraçar o mundo sozinho”.
Nunca me esqueço de uma frase que ouvi no início de minha carreira: “Quem faz um pouco de tudo, também faz muito de nada”. Vocês já pararam para perceber que hoje em dia é normal ficar mais do que oito horas diárias fazendo nossas tarefas, além de outras atividades que estão em paralelo às nossas responsabilidades?
Não estou aqui para dizer o que é certo e o que é errado em um mercado que muda constantemente. Acho apenas que a Geração Y deve ficar atenta às características que nos são dadas, saber porquê nos denominam assim e de que forma somos tratados com base nessas supostas teorias.
Isso nos permitirá filtrar melhor os conselhos e conceitos que recebemos, para então ter consciência do que estamos nos dispondo a fazer, mesmo quando o que deve ser feito não é exatamente o que nos agradará.
Beatriz Carvalho
Essa questão de ser “multitarefa” ou “apaga-incêndio” é interessante, pois revela a capacidade dos jovens de viver várias situações dentro uma empresa. Há uma frase que é bem parecida com a do texto: “Quem tenta ser bom em tudo, acaba não sendo bom em nada”.
Muitas empresas contratam jovens para determinadas tarefas e acabam sobrecarregando o jovem com outras, desligando-o completamente do seu foco.
A Geração Y tem sido muito citada como “multitarefa”, mas, particularmente, considero isso um erro, afinal, não são todos os jovens que têm a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Já trabalhei em uma empresa em que 90% dela era formada por homens e 10% por mulheres, todos tinham idade entre 20 e 28 anos e, por incrível que pareça, apenas os 10% de mulheres conseguiam fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo sem perder o foco. Eu sou capaz de apostar que há um desempenho multitarefa melhor entre as mulheres…
O fato é que não somos seres multitarefa, e isso é comprovado por vários estudos que relatam que, quanto maior for a nossa concentração em uma única tarefa, maior será a qualidade do produto final.
Bruno Souza
Vejo a questão de uma forma um pouco diferente. Todos somos e precisamos ser “multitarefas”. Estamos sempre atendendo ao celular enquanto dirigimos, também fazemos reuniões respondendo e-mails ou assistimos televisão enquanto preparamos um relatório da empresa em nossas camas, ou seja, abrimos várias “janelas” em nossos computadores.
Esse é um comportamento social decorrente de toda a tecnologia criada nos últimos vinte anos. Todos nós vivemos em um tempo de realizar várias coisas simultaneamente e de fazer as coisas mais superficialmente, não importa a geração.
A concentração e o aprofundamento são decorrência do centro de interesse da pessoa pela atividade e se não fosse assim, não teríamos jovens cirurgiões, engenheiros ou mesmo pilotos de avião da Geração Y.
Essa geração possui muitas outras qualidades que não existiam nas gerações anteriores, por isso, a melhor forma de ajudá-los a aproveitarem essas características é ensiná-los a fazer escolhas, principalmente aquelas baseadas em valores humanos positivos, como ética, integridade e solidariedade.
Sidnei Oliveira
Beatriz Carvalho, formada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, trabalha há 4 anos com relacionamento corporativo.
Bruno de Souza, profissional de Comunicação Digital, CEO do Blog Marketing Digital 2.0, além de pesquisador na área de Mobile Learning.
Fonte: www.exame.abril.com.br
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