Controller, diretor de complience e business intelligence manager. Muita gente pode nunca ter ouvido falar dessas profissões, mas hoje, em plena crise, elas estão em alta. E em uma lista de cortes, provavelmente estariam entre os últimos a serem mandados embora. “São funções que vão em linha com a redução de custos e a otimização de receita, portanto, têm menos chances de serem cortadas agora”, analisa André Nolasco, diretor da Michel Page, consultoria especializada em recrutamento.
Na área da controladoria, Nolasco destaca os cargos que monitoram os indicadores internacionais, buscam alternativas tributárias e fazem a empresa funcionar melhor. “Eficiência e produtividade são palavras de ordem, principalmente na crise”, ressalta. Ele afirma que é preciso redobrar a atenção em relação aos custos. “Será que é eficiente, por exemplo, uma reunião improdutiva? Uma videoconferência pode cortar despesas de viagem e, naquele tempo em que a pessoa estaria se deslocando, ela pode estar produzindo mais”, afirma.
Formada em contabilidade, Márcia Elisa Antunes é gerente de controladoria da Forno de Minas. Ela é responsável pelas áreas de planejamento fiscal, financeiro, custos e orçamento. “São áreas estratégicas e minha função é identificar o que pode ser melhorado e analisar cada situação para embasar as tomadas de decisões. Com um bom planejamento tributário, é possível buscar brechas para recolher menos tributos, sem descumprir as leis”, explica.
Outras profissões menos suscetíveis à crise são as ligadas ao desenvolvimento de processos e negócios, engenharia de produção e ao business intelligence. “São importantes porque ajudam a desenvolver novos produtos e dão suporte com informações de mercado para ajudar no avanço sobre a concorrência ou em direção a um nicho onde a demanda esteja maior”, diz Nolasco.
O cargo de diretor de e-commerce também tem uma certa blindagem. O professor de comércio eletrônico do Cotemig, Bruno da Costa Pedra, explica que esse é um profissional muito completo, que concentra tanto conhecimento de mercado e tem um olhar para tecnologia e para estratégia. Ele está à frente deste cargo na Empório Veredas, distribuidora de cervejas artesanais que conta tanto com atacado como com vendas online. “Nessa hora de crise, o e-commerce é o setor que não deve ser cortado. Pelo contrário, deve até receber investimentos, pois se as vendas do comércio estão em queda, o e-commerce rompe barreiras físicas porque permite vender para vários lugares”, avalia.
Cenário dobra tempo médio de recolocação
O tempo médio de recolocação no mercado de trabalho praticamente dobrou em relação ao ano passado. “Antes, para as posições de média e alta direção, víamos executivos demorando cinco meses e, hoje, a demora chega a um ano. Para média gerência, antes demorava três meses e agora demora, em média, seis”, avalia o diretor da Michel Page, André Nolasco.
“O que podemos afirmar com certeza é que, se antes muita gente tinha intenção de trocar de emprego, buscando uma vaga melhor, agora a preocupação mais comum é se manter no atual cargo”, destaca Nolasco.
Queila Ariadne / O Tempo
Fonte: O TEMPO
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