Guilherme estava com alguns problemas de contas atrasadas em sua empresa e não sabia como resolvê-los. Acostumado com o famoso “jeitinho brasileiro”, decidiu atrasar uma conta aparentemente menos importante para quitar outra. Escolheu os impostos para deixar em atraso, pois os juros eram mais baixos e ninguém vinha “bater em sua porta” para cobrar esse dinheiro.
Sua intenção era deixar de pagar os impostos somente até conseguir se restabelecer e depois regularizaria a situação. Mas a falta de liquidez da sua empresa era constante, sempre surgiam “emergências” e a dívida com o governo aumentava gradativamente.
Proporcional ao crescimento dessa dívida, crescia em Guilherme uma grande insatisfação com os impostos. Seus filhos estudavam em escola particular, ninguém da sua família utilizava hospitais públicos, ele não recebia nenhum dos benefícios do governo… A seu ver, não tinha motivo algum para pagar esses impostos.
Então, após dez meses sem efetuar os pagamentos, Guilherme acabou desistindo de quitar a dívida e começou a declarar um valor menor para pagar um “imposto simbólico”.
Quando o sócio ficou sabendo, questionou se não era arriscada essa prática, devido à fiscalização eletrônica da Receita Federal, que cruza as informações na declaração e pagamento dos impostos, mas Guilherme alegou que por tratar-se de uma pequena empresa a infração não haveria de ser descoberta. O sócio insistiu, dizendo que ele ainda poderia retificar as declarações e recolher o imposto devido, pagando uma pequena multa, sem grandes prejuízos, mas Guilherme, que era o responsável direto pelas finanças da empresa, não lhe deu ouvidos e manteve a sua decisão.
O empresário utilizou esse dinheiro por um tempo, para pagar os gastos da empresa e trocar os carros dos sócios, mas chegou o dia que a Receita Federal enviou uma notificação e ele teve que pagar mais que o dobro do valor do tributo não recolhido. Imediatamente lembrou-se das palavras do sócio e percebeu que não havia feito “um bom negócio”.
Ao buscar ajuda para resolver esse problema, foi orientado a avaliar sua carteira de clientes, diminuir as vendas a prazo, vender produtos com mais Margem Bruta (preço – custo), analisar o giro do seu estoque, criar um programa de redução de gastos e implantar o Fluxo de Caixa com o objetivo de sobrar mais dinheiro no caixa (liquidez) para pagar as parcelas do imposto atrasado.
Após essa experiência, Guilherme continuou insatisfeito com o retorno dos tributos pagos, mas passou a pagar o que lhe era devido, pois aprendeu que andar nos caminhos da lei sai mais barato e ainda é a melhor forma de lutar contra a corrupção desse país.
Matéria de Francisco Barbosa Neto, Engenheiro Mecânico e de Produção especializado em Administração, Finanças, Qualidade e Sócio – Diretor da Projeto DSD Consultores – publicada no blog do Projeto DSD Consultores.
Fonte: Grupo Skill
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