Peter Drucker, o homem que inventou a administração, segundo a revista Business Week, certa vez, em um de seus vários lampejos de criatividade, afirmou que “não se gerencia o que não se pode medir”. Em outras palavras, não adianta ao empreendedor ter um negócio se efetivamente não consegue realizar uma gestão eficiente de processos, produtos e pessoas.
Infelizmente, o Brasil ainda está longe de outros países neste quesito. Pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que somos o primeiro colocado no ranking mundial de empreendedorismo, com 45 milhões de brasileiros envolvidos com alguma atividade empresarial. Por outro lado, o Índice Global de Empreendedorismo (GEI) detectou que nosso país ocupa a 100ª posição em uma classificação de 130 países.
O primeiro indicador nos mostra que, quantitativamente, estamos bem colocados. Já o segundo, conclui que, qualitativamente, a realidade é outra. Nossa nota no GEI é muito baixa (25.8), comparada à do primeiro colocado, os Estados Unidos (85) e o Chile (63.2), 19ª posição e melhor nota da América Latina.
Dentre os 14 pilares do empreendedorismo avaliados para qualificar a nota destacam-se quatro em que perdemos feio para o Chile: internacionalização, capital humano, inovação em processos e inovação em produtos. Ao analisarmos os dados acima sob a ótica do Balanced Scorecard (BSC), ferramenta criada por Robert Kaplan, professor da Harvard Business School, para mensurar os resultados da gestão estratégica das organizações, podemos chegar a conclusões interessantes. A técnica baseia-se no monitoramento de resultados e processos em quatro dimensões das empresas: financeira, processos, clientes e desenvolvimento.
Esta última reflete, em linhas gerais, o quanto a empresa aprende e torna-se mais preparada para a competição. Muitas mensuram as horas de capacitação de seus colaboradores para acompanhar o seu índice de desenvolvimento. Contudo, Kaplan defende que o melhor indicador de sucesso neste quesito é a criação de novos produtos e serviços ou o atendimento a novos mercados. Isto porque, para inovar, é preciso aprender. Enfim, é um indicador diretamente ligado à inovação.
Independentemente do setor, sempre haverá concorrência, da mesma que forma que existirá espaço para quem puder inovar com produtos e serviços customizados, além de promover um atendimento diferenciado aos clientes, agregando valor ao negócio. Hoje, o mundo caminha para o uso do conceito de ominchannel, em que o atendimento aos clientes passa por todos os canais, físicos ou eletrônicos.
Para conquistar clientes, a solução passa, imprescindivelmente, pela introdução de inovações em processos e serviços. Para isso, o primeiro passo é a capacitação dos empreendedores, especialmente em cursos e eventos. Há muitos disponíveis, inclusive on-line, e que até são encontrados gratuitamente. Afinal, não se constrói um caminho de sucesso sem muito trabalho e estudo.
O empreendedor é um insatisfeito eterno, que reconhecidamente busca transformar seu inconformismo em descobertas de soluções para os problemas. A atitude empreendedora eleva consideravelmente as chances de transformar eminente fracasso em sucesso retumbante.
Não há mágica. Para tal, é fundamental a adoção de ferramentas globais de gestão e inovação. Muitos empreendedores ainda desconhecem esses instrumentos, que são úteis para os negócios. A partir deles é possível realizar modelagem de negócios com Business Model Generation (Canvas); gestão estratégica de resultados com Balanced Scorecard (BSC); gestão estratégica de clientes com Customer Relationship Management (CRM), Net Promoter Score (NPS) e Guestology; gestão comercial com Solution Selling.
O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas. Por outro lado, o insatisfeito que só reclama e nada faz para mudar, não é empreendedor de verdade. A atitude empreendedora transforma os problemas em oportunidades; cria inovações para atender melhor osclientes e lidar da melhor forma com os fornecedores. Diferenciar-se dos concorrentes é seguramente o caminho para o sucesso. Só assim, é possível obter o justo valor ao que se vende, e não somente formar um preço sem qualquer método. Afinal, lembrando mais uma vez Peter Drucker, “se você quer algo novo, você precisa parar de fazer algo velho”.
por Roberto Dias Duarte
Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franchising, primeira franquia contábil do país.
Fonte: Roberto Dias Duarte
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