Taxa subiu de 5,5% para 7% ao ano, mas dinheiro do fundo continua uma alternativa mais barata para as empresas obterem recursos destinados ao financiamento de projetos
Pelo quarto ano consecutivo, o empresário goiano vai pagar mais caro para tomar dinheiro emprestado dos fundos subsidiados pelo governo. As principais taxas de financiamentos do Fundo Constitucional de Financiamento de Centro-Oeste (FCO) e Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) sofreram acréscimo médio de 1,5 ponto porcentual, voltando ao patamar de 2011. Apesar do forte incremento, especialistas acreditam que este não será um inibidor isolado para a contratação do crédito.
Com financiamento para quitação em até 12 anos, carência de 24 meses e juros mais baixos que os cobrados no mercado, os fundos constitucionais ainda são considerados uma das melhores alternativas para captação de recursos para investimentos.
BÔNUS
A alíquota da linha de crédito para investimentos de empresa de pequeno e médio porte, em caso de bônus, ou seja, pagamento em dia, saiu de 5,5% para 7% ao ano. Para aquisição de insumos e matéria-prima a taxa saltou de 9% para 11% ao ano (veja quadro).
Apesar do baque, conforme especialistas, a tendência é de que a medida não deva inibir os planos de negócios de médio e longo prazo. Inclusive, sem informar o volume, o secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento do Estado do FCO, Orcino Gonçalves Júnior, afirma que nos últimos anos a oferta de recursos vem avançando menos que a procura.
Segundo ele, a demanda reprimida é ocasionada, sobretudo, pelas baixas taxas de juros vigoradas nos últimos anos, entre 2,5% (final de 2012) e 3,5% (2013). “Por isso, acreditamos que uma possível elevação da taxa pouco deve afetar a demanda”, diz. Embora o cronograma do fundo seja liberado, oficialmente, em meados de fevereiro, Orcino estima que o Estado deva receber valores próximos aos do ano passado, em torno de R$ 1,7 bilhão.
Na avaliação do consultor especializado em captação de recursos financeiros, Leandro Reis Bernardes, o incremento não deve inibir o investidor, mas é uma sinalização de que o empresário deve ser mais técnico. “As chances de erro diminuíram. Ele precisa reinventar, identificar novas oportunidades e se preparar para o novo ciclo de desenvolvimento econômico”, diz.
Para ele, analisar as condições de um financiamento deve estar associado a uma identificação mais ampla do negócio. “Não acho que vai impactar o empresário que tiver investimentos sérios planejados”, diz Leandro, que é proprietário da Prátika Empresarial.
O coordenador do curso de MBA de contabilidade e direito tributário do Instituto de Pós-Graduação (Ipog), Edgar Madruga, ressalta que a elevação da alíquota em 1,5 ponto percentual é substancial, não pode ser desprezada e pode inviabilizar alguns negócios, sobretudo, no setor de infraestrutura. Mas, em se tratando de indústria, de forma geral, o plano de negócio incorpora esse incremento.
“Não acho esse seja um problema mais grave. Regionalmente, a qualidade e distribuição de energia é um fator mais complicado”, afirma. Ele afirma que, ainda assim, o FCO é a linha de crédito mais atrativa do setor. “As taxas de juros no País são tão surreais que mesmo com essa elevação, continua atrativa”, diz.
ESTRATÉGIA
Para Leandro Reis essa mudança na taxa de juros faz parte de estratégia econômica da nova equipe liderado pelo ministro da fazenda, Joaquim Levy. A medida contribui para reduzir os gastos do tesouro nacional a fim de atingir a meta de superávit primário. “Essa medida é importante para o atual cenário econômico”, diz.
Isso, complementa, se o ajuste fiscal for coerente e levado a sério. Caso contrário, a modificação da taxa de juros de financiamento a longo prazo pode desestimular investimentos e reduzir a capacidade produtiva. “Se for levada a sério, o arrocho de agora pode refletir em uma redução dos juros de forma sustentável e consciente daqui a um ano”, defende.
Na prática, com a nova taxa de juros (7%), o empresário que contratar R$ 200 mil, considerando carência de 2 anos e prazo de pagamento de 12 anos, no total, vai pagar R$ 295.555,06. Já a taxa em vigor até 2014 (5,5%), o valor total final seria de R$ 275.571,71, uma diferença de R$ 19.983,35. Diluindo em 12 anos, a diferença mensal seria de R$ 166,22.
DEMAIS LINHAS
Os encargos financeiros das operações rurais realizadas com FCO Rural não sofrem alteração até, pelo menos, dia 30 de junho de 2015. Com isso, as linhas de investimentos, com ou sem custeio associado para produtores de pequeno-médio porte, permanece a 4,5% ao ano, por exemplo (considerando pagamento em dia).
Já o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), cujas operações são acima de R$ 30 milhões, sofreu alteração de 6,5% a 7,5% para 7,5% a 9%.
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Karina Ribeiro
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