Por Roberto Dias Duarte
Durante palestra na 14ª Conescap, realizada nos dias 30 de outubro
e 1º de novembro, na Costa do Sauipe (BA), maior evento do setor empresarial de
serviços contábeis do País, o auditor fiscal aposentado da Receita Federal
Márcio Tonelli, um dos principais responsáveis pela criação do projeto SPED Contábil,
apresentou números intrigantes.
Segundo
ele, em 2010, 61% dos livros contábeis digitais enviados para as Juntas
Comerciais por meio do SPED, foram colocados sob
exigência – substituídos ou indeferidos. Em outras palavras: apresentaram algum
problema. O número melhorou um pouco com os livros de 2011, caindo para 56%.
Estes
problemas, basicamente, foram detectados nos “Termos de Abertura”, “Termos de
Encerramento”, “Requerimentos para Autenticação” e “Dados dos Signatários” dos
livros contábeis digitais que continham informações não conformes com as normas
do DNRC, e Código Civil.
Os
dados que deram origem aos problemas não foram de ordem contábil e sim formal,
burocrática. Deste modo, eles são informados pelos departamentos contábeis, com
base nos procedimentos, normas e leis já existentes, antes mesmo da instituição
do SPED.
Entretanto,
sempre que eu realizo cursos sobre SPED, perguntam-me: “O
curso será prático?”. Minha resposta-padrão é: “Na prática, falta teoria”. Sim,
pois se o profissional – seja ele um contador, advogado ou analista de sistemas
– entende os conceitos que fundamentam o SPED, aplicá-los na
prática torna-se tarefa simples, meramente operacional.
Mas
muitos insistem em participar de cursos que ensinam profissionais a digitar os
campos em uma tela, bem aos moldes dos padrões aceitáveis no do século XX. Ora,
digitar o CPFs, nomes e números de livros é atividade mecânica. Mas saber quais
CPFs e números serão digitais é conceitual.
Portanto,
o resultado assustador de livros contábeis digitais transmitidos com
informações elementares erradas é reflexo de uma cultura mecanicista, fordista,
ultrapassada. Reflexo de um tempo no qual o aluno (aquele que não tem luz) era
um ser passivo que absorvia os conhecimentos do mestre – a única fonte de
conhecimento.
Já
passou da hora da tomada de consciência que projetos SPED fracassam por causa de pessoas, e não
da tecnologia. Conhecimento e atitude empreendedora são fundamentais para o uso
consciente e eficiente da tecnologia do terceiro milênio.
Sem
a participação efetiva dos profissionais de recursos humanos nestes projetos,
não há como conduzir esta mudança gigantesca de paradigmas. Não sem sangue,
suor e lágrimas, muitas vezes, desnecessárias.
Por Roberto Dias Duarte
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.