Do táxi ao restaurante,quem chega do exterior se assusta com os valores cobrados por produtos e serviços no País
GENEBRA - Como milhares de pessoas que desembarcaram no Brasil para a Copa, eu também tive um susto ao chegar: do preço "europeu" de tudo, do táxi ao restaurante, de uma Coca-Cola ao material de trabalho como jornalista. Há mais de uma década eu não passava um mês inteiro no Brasil e, entre as várias redescobertas, o custo de vida chamou a atenção.
Ao voltar para a Europa, decidi confrontar os preços para descobrir até que ponto o Brasil estava mesmo caro ou se eu havia tido uma impressão equivocada.
Com a ajuda da reportagem em São Paulo, vimos que o brasileiro, apesar de ter uma renda bem inferior ao que se registra na União Europeia, paga preços não tão distantes da vida de um cidadão médio em um país europeu.
Segundo o Fundo Monetário Internacional, o brasileiro tem uma renda média de US$ 12,2 mil por ano, inferior à da Romênia, de Botsuana e do Suriname. A renda está muito distante dos US$ 54 mil na Noruega, US$ 53 mil nos EUA e US$ 46 mil na Suíça. A renda brasileira é um terço da média francesa e menos da metade dos US$ 29 mil na Espanha.
Mas, mesmo com a disparidade de renda, muitos preços não são tão diferentes. Para tentar fazer a comparação, visitei supermercados na França, Espanha e Genebra, uma das três cidades mais caras do planeta. Não se trata de uma pesquisa com rigor científico; é apenas a tentativa de comparar os preços de produtos das mesmas marcas e nas mesmas redes.
Algumas comparações: 12 ovos no Carrefour do Bairro do Limão em São Paulo, por exemplo, custam R$ 4,59. No Carrefour de Barcelona, a dúzia sai por R$ 3,64. Nos Estados Unidos, o preço é de R$ 4,51. Um litro de água custa em média R$ 1,40 em São Paulo. Em Barcelona, ele sai por R$ 0,79. No Dia, na França, o custo é de menos de R$ 0,50.
O preço do macarrão é mais barato na Europa que em São Paulo. Na capital paulista, um pacote de 500 gramas sai por R$ 1,79. Na Suíça, custa o equivalente a R$ 1,10, praticamente o mesmo preço da França e da Espanha.
Vários outros itens, porém, mostraram que o Brasil é ainda mais barato, como no caso das carnes, frutas e açúcar, todos produtos que o País exporta.
No que se refere ao preço de automóveis, o Novo Golf 2014, motor 1.2 a gasolina sai no preço de tabela por 22,1 mil francos suíços em Genebra, cerca de R$ 55 mil. Na França, a Volkswagen aponta que o preço seria de 18 mil, ou R$ 54,5 mil, contra 17,8 mil na Espanha, cerca de R$ 53,9 mil. Já no Brasil, o valor chega a R$ 70 mil.
Um aluguel em São Paulo também não fica longe dos preços na Europa. Em média, o metro quadrado é de R$ 25 no centro de São Paulo. Segundo a entidade Observatoire Des Loyers, o valor médio das seis principais cidades francesas - excluindo Paris - é de 9,7 (R$ 29,3) por metro quadrado. Em Barcelona, uma das cidades mais baladas da Europa, a média do preço do aluguel é de 12 por metro quadrado.
Outro serviço que revela os preços elevados do Brasil é a telefonia. Segundo a União Internacional de Telecomunicações, no início de 2013, o Brasil tinha a tarifa de celular mais cara do mundo em termos absolutos. Em média, um minuto no celular em horário de pico custaria US$ 0,71 entre chamadas pelo mesmo operador. Para fazer a comparação, a UIT usou a taxa praticada em São Paulo. O custo naquele ano era três vezes o que um americano pagava para falar ao celular. Na Espanha, sede da Telefônica, um cidadão paga pelo celular um quinto do que se paga no Brasil.
Para que uma conclusão mais definitiva fosse feita sobre os custos de vida, dezenas de outros aspectos teriam de ser incluídos: da saúde à educação, de aparelhos eletrônicos a custos de lazer, como cinema ou até futebol. Mas o levantamento parcial revela que, ainda que a Europa continue tendo um custo de vida superior ao do Brasil, os dois se aproximam em uma grande velocidade.
JAMIL CHADE - O ESTADO DE S. PAULO
Fonte: O Estado de São Paulo.
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