É com metáforas que pretendo construir esse texto sobre um país cheio de contradições e aberrações. Vamos lá!
Certo dia, um povo acordou atônito com tantas notícias ruins: subornos, falcatruas e desonestidades de toda ordem. As cores verde e amarela até amanheceram manchadas. Estamos falando de um tal Brasil, gigante por natureza e tão pobre no âmbito da justiça social. Mas como surgiu esse país? A história conta que embarcações portuguesas em rota para as Índias, de repente, foram levadas para outro destino, na Costa do Atlântico. De repente mesmo!
Chegando lá, encontraram um pau de cor vermelho acentuado, bastante resistente, duro mesmo, o pau-brasil! Gostaram tanto dele que deram o nome àquelas terras de Brasil. Não há consenso com a palavra Brasil, mas pode-se afirmar que o vocábulo talvez tenha origem latina, “Brasília”, e significava cor de brasa ou vermelho. De qualquer forma, a origem do lugar vem de um pau! Até aí tudo bem! Não há nada que desabone esse nome Brasil originário do pau-brasil, o detalhe é que a história desse lugar é um amontoado de histórias hilárias. Vou tentar descrever algumas delas que eu denominaria de caricaturas.
Outro dia se passou e veio a independência desse lugar realizada justamente pelo filho do colonizador, situação patética, jamais vista, um jovem chamado D. Pedro I. A história narra esse episódio com a figura do monarca montado em um cavalo que se desloca para um tal riacho do Ipiranga e de lá solta um grito, o grito da independência. Que independência era essa?! Claro que ninguém ouviu esse grito, o vale é enorme e diz a lenda que o jovem imperador tinha uma voz suave.
Mais tarde, para eternizar esse simulacro de independência, ou seja, essa lenda contada pelos vencedores, convoca-se um pintor famoso, também chamado Pedro, o Pedro Américo, para retratar o dia da independência, cujo quadro foi pintado em 1888, dispondo a figura do imperador numa postura de homem valente e de prontidão para um possível ataque dos portugueses que dominavam o Brasil até o momento. Haja simulação!
Mais um dia vai e outro vem, e o país das caricaturas continua no seu curso. Dessa vez o imperador Pedro, agora Segundo, quer dizer Pedro II, que sempre aparece em imagens mais velho que seu pai, Pedro I ̶ coisas de Brasil ̶ , decide ir a uma famosa exposição em Paris, chamada de Exposição Universal, quando foi apresentada ao mundo a monumental Torre Eiffel. Então, de volta para seu reinado, Pedro II descobre que seu trono simplesmente não mais existia, virou pó, o país havia se transformado de uma hora para outra em uma república, através de um golpe militar registrado pelos livros de história em 1889. A primeira pergunta de um rei sem reinado era onde haviam guardado sua coroa.
Outro aspecto desconcertante e cômico do país das caricaturas é sua bandeira com a descrição: “Ordem e Progresso” e seu hino nacional com versos, tais como: “Ouviram do Ipiranga... De um povo heroico o brado retumbante”. O brado retumbante desse povo heroico significando o grito que talvez nunca houve, e o povo heroico poderia muito bem ser substituído por sofrido, expropriado e enganado. Outro trecho diz: “Deitado eternamente em berço esplêndido...“. Conseguirá esse país se levantar um dia?! Pois é, então o hino e a bandeira nacionais representam uma singela caricatura de um país que só existe no imaginário de alguns.
Um tempo depois, um presidente mineiro, apaixonado pela música “Peixe Vivo”, gravada por Milton Nascimento, decide tirar da “cidade maravilhosa”, o Rio de Janeiro, uma das mais belas do mundo, com seus morros imponentes adornando o mar, o título de capital do país e substituí-la por uma cidade feita de concreto armado, rodeada de modernos palácios localizada no Cerrado goiano, no meio do nada. O pau-brasil vem rendendo..., gerou o Brasil e depois uma sementinha: a capital, Brasília.
Brasília tem no seu traçado um lago artificial, aliás, tudo ali soa artificial. Sua arquitetura, por exemplo, é um plano geométrico com um amontoado de edifícios de concreto armado, em um deles fica o chefe máximo da nação do pau-brasil, em formato de um imenso caixote revestido de vidro. É vidro em cima, é vidro dos lados, haja vidro, suspenso em pilotis, cujo nome é Palácio do Planalto, que mais se parece a um aquário gigante. Próximo dali, ergueram-se dois pratos separados por duas torres que têm o nome de Congresso. Alguém está fazendo a refeição com eles, são os ratos roedores da riqueza desse país. Segundo seu idealizador, aquele edifício representaria a democracia de uma forma imponente, pois era a edificação até então mais alta da cidade moderna. Alguém acredita nisso?!
Por trás de histórias mal contadas e cheias de contradições, deita-se eternamente a terra do pau-brasil, formando suas caricaturas de um país patético...
Fonte: Ycarim Melgaço
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