A computação em nuvem está
avançando no mercado brasileiro e já é o modelo de oferta adotado por grande
parte dos fornecedores de software para diversos tipos de aplicação. A
estratégia comercial de muitos deles contempla, inclusive, as áreas fiscal e
tributária.
As empresas detectaram no projeto
SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) e em outras obrigações que já
fazem (e as que farão em breve) do calendário fiscal e tributário dos
potenciais clientes uma boa oportunidade para alavancar os negócios com a
oferta de soluções na nuvem.
Na avaliação do professor Roberto
Dias Duarte, especialista em questões fiscais e tributárias, as características
do modelo e as particularidades do Brasil favorecem o avanço da computação em nuvem.
Sobre o conceito, é consenso no
mercado que sua adoção reduz os custos operacionais, pois dispensa a empresa da
necessidade de investir na montagem de uma infraestrutura tecnológica própria
para rodar as aplicações.
Quem contrata o serviço paga um
valor mensal correspondente ao serviço que efetivamente foi consumido e tem
garantidos a manutenção, o suporte e o update dos equipamentos e sistemas.
No que diz respeito às
particularidades o Brasil, o professor Duarte lembra que se trata de um país
com dimensões continentais, que tem uma legislação fiscal e tributária complexa
e um imenso mercado a ser explorado, que as empresas não conseguem suprir com o
modelo tradicional de venda de licença de uso de software.
Como exemplo da complexidade
legal, o professor lembra que o Brasil possui 33 normas legais modificadas por
dia. Além disso, cada um dos 27 Estados, incluindo o Distrito Federal, e dos
mais de 5,5 mil municípios adota legislações específicas de ICMS e ISS.
Para atender esse mercado no
modelo de licença de uso seria preciso uma grande quantidade de profissionais
qualificados para alimentar o sistema de ERP com os parâmetros de alíquotas,
códigos tributários e normas, afirma. “Os fornecedores na têm como levar o
serviço de tecnologia da informação para apoiar o negócio das empresas. E mesmo
que fosse viável, não há pessoal disponível”, salienta.
Citando dados da Receita Federal,
Sebrae e IBGE, o professor diz que o Brasil tem no total 7,127 milhões. Nem
todos, porém, possuem software de ERP. Desse universo, 1,719 milhão fazem parte
do programa Microempreendedor Individual (MEI); as que aderiram ao Simples
Nacional somam 3,871 milhões; as tributadas com base no regime do Lucro
Presumido são 1,387 milhão; e 150 mil empresas são do Lucro Real.
Mas há, também, os informais, que
totalizam 13,800 milhões de empreendimentos, que tendem a regularizar sua
situação perante o Fisco.
Com base nesse cenário, o
professor Duarte acredita que a computação em nuvem é único modelo que permite
alcançar esse contingente de empresas. Mas, segundo ele, existe um grande
desafio. É que as micro, pequenas e médias empresas, que são a grande maioria,
muitas vezes terceirizam o serviço de contabilidade e, não raro, a troca de
informações ainda se baseia no papel.
“O empresário envia as notas
fiscais em um envelope, o contador digita as informações e gera os arquivos
para o SPED. Isso gera uma ineficiência e ineficácia grandes porque erros
acontecem, sempre faltam documentos e as informações costumam ser imprecisas”,
explica.
Quem pensa em explorar as potencialidades do mercado
tem que ter em mente que precisa mudar esse cenário, ou seja, fazer com que a
comunicação entre a empresa e o escritório contábil seja eletrônica e na nuvem,
observa o professor Duarte.Em http://www.tiinside.com.br/ via www.joseadriano.com.br
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.