Por Cassius Regis Antunes Coelho*
Mudança é uma palavra que está no
cotidiano de qualquer empreendedor, ainda mais aqui no Brasil onde tudo está em
constante mutação, seja o ambiente de negócios e incertezas advindas da
economia e política, que vez ou outra pregam alguma peça no mercado que acaba
refletindo nas regras do jogo então estabelecidas, sejam nas regras tributárias
que mudam a toda hora, por meio de leis, decretos, instruções normativas e
resoluções em todas as esferas de governo .
Ser empresário de qualquer que
seja o ramo de negócio no Brasil é uma verdadeira arte, sem sombra de dúvida. É
preciso se valer de muita informação, estar preparado e ser detentor de
conhecimentos sólidos sobre a área em que irá atuar; ter um planejamento
adequado e coerente com o plano de crescimento da empresa; cuidar das finanças,
fluxo de caixa, capital de giro e investimento e se valer de profissionais
especialistas nas mais diversas áreas que o negócio requerer.
Uma dessas mudanças que
aconteceram no ambiente empresarial foi a adoção pelo fisco do SPED – Sistema
Público de Escrituração Digital. O SPED foi desenvolvido com o objetivo de
unificar, em uma grande base de dados, todas as informações fiscais,
tributárias e operacionais dos contribuintes, visando facilitar o controle da
aplicação da legislação por parte das empresas, combatendo também a sonegação
fiscal, já que o uso intensivo da tecnologia da informação, através do
cruzamento de informações nos bancos de dados disponíveis, promete identificar
mais rapidamente indícios de problemas nas informações enviadas.
E o que o SPED muda na relação
das empresas com o fisco, contadores e sociedade?
A relação das empresas com o
fisco muda porque as regras também mudaram, a forma como as informações serão
enviadas a partir de agora muda, o nível de detalhes enviados para o fisco é
muito maior, e com isso é preciso ter cuidado triplicado com a qualidade das
informações disponibilizadas nos vários sistemas que o SPED criou, desde a
emissão da NF-e, até a prestação de contas através da Escrituração Contábil e
Fiscal Digital e demais obrigações acessórias. Tudo precisa estar correto e
consistente.
Não se quer dizer que antes não
houvesse a necessidade de estar correto, mas agora o detalhamento excessivo faz
com que as possibilidades de cruzamentos entre as informações sejam ainda
maiores, elevando os riscos de incidência de erros, ainda mais quando os sistemas
fiscais e contábeis não estão integrados e são alimentados por meio da
digitação de determinadas informações.
Com um cenário de tantas
incertezas e mudanças, é fundamental que as empresas procurem se valer de
profissionais especialistas. E quando se fala em SPED, não resta dúvida que o
impacto do sistema no dia a dia das empresas é grande e se faz imprescindível
que elas busquem a orientação de um bom contador ou empresa de contabilidade,
visando adaptar seus sistemas e processos a nova realidade. Por isso entendo
que a relação das empresas com seus contadores também mudou ou deve mudar, pois
eles são imprescindíveis nesse momento de mudanças.
Não se concebe mais a relação
empresa x contador ser apenas para o cálculo de impostos e envio de obrigações
acessórias. O risco da operação fiscal das empresas está muito maior,
requerendo mais interação entre as áreas comerciais, administrativas, fiscais e
contábeis da empresa, sendo o contador um importante aliado na interação entre
as áreas, auxiliando na geração das informações, no envio dos arquivos para o
fisco e no fornecimento de informações para tomada de decisões gerenciais.
Já a relação com a sociedade
também muda porque as empresas se tornarão mais transparentes, e serão
obrigadas a melhorar seus processos internos com relação ao meio ambiente, como
redução de utilização de papel, por exemplo, sem falar na possível redução da
sonegação, beneficiando, indiretamente, a sociedade com a elevação da
arrecadação tributária que se reverte, ou pelo menos deveria, em benefício
desta.
Em resumo, acredito que vivemos
uma sociedade em transformação, seja pelo uso massivo das tecnologias da
informação e comunicação, seja pela mudança no ambiente de negócios, exigindo
que façamos tudo mais rápido, com melhor qualidade e mais barato, bem como na
relevância das informações contábeis e fiscais geradas pelos contribuintes,
tornando o papel dos contadores ainda mais fundamental para as empresas. Viva o
SPED!
*Cassius Regis Antunes Coelho é
contador e Presidente do CRC-Ceará
Publicado em
www.fernandosampaio.com.br
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.