Por Fabio Rodrigues de Oliveira
Desde a instituição do Sistema
Público de Escrituração Fiscal (SPED), os investimentos em tecnologia por parte
das empresas têm aumentado muito. É comum encontrarmos cifras milionárias para
atender essa nova obrigação.
No início do SPED, os elevados investimentos
eram ainda mais comuns, uma vez que a demanda superava a oferta. Com o aumento
do número de players de tecnologia, seguindo a conhecida “Lei da Oferta e
Procura”, esses valores foram sendo reduzidos, mas não que isso significasse o
fim dos elevados gastos, ainda mais que a cada momento novas empresas tornam-se
obrigadas e novos projetos são instituídos.
Seja por conta da Nota Fiscal Eletrônica
(NF-e), da Escrituração Fiscal Digital (EFD) ou mesmo da Escrituração Contábil
Digital (ECD), a grande preocupação das empresas, desde a instituição do SPED,
tem sido realizar o envio das informações no prazo. O que é natural, uma vez
que atrasos sujeitam o contribuinte a elevadas penalidades.
Para isso, essas empresas têm deslocado seus
principais profissionais e contratado os melhores serviços disponíveis no
mercado. E não são poucas as soluções existentes, desde aquelas que fazem a
geração do arquivo a ser entregue, àquelas que possibilitam a interação com o
SPED.
Nos eventos ligados ao SPED, é comum a
apresentação de cases de sucesso, nos quais os profissionais de grandes e reconhecidas
empresas apresentam as boas práticas adotadas para cumprir da melhor forma com
essa obrigação. Os grandes destaques ficam por conta das empresas que, no menor
tempo possível, conseguem gerar e enviar seus documentos fiscais à Secretaria
de Fazenda (Sefaz), o que é muito importante, uma vez que tem um impacto direto
na operação comercial da empresa.
Mas o SPED é só isso? É só garantir que a
informação seja enviada no prazo e no menor tempo possível? Sem dúvida, esse é
o problema mais imediato das empresas, mas não nos enganemos, pois é apenas o
primeiro passo, que não garante em nada o sucesso desse projeto. Nunca podemos
nos esquecer qual é a função do SPED: ser uma poderosa ferramenta à disposição
da fiscalização.
Aquilo que pode parecer o fim do nosso
trabalho é apenas o começo do trabalho da fiscalização, que a partir do
recebimento dos arquivos enviados iniciará sua função de identificar possíveis
passivos tributários. Para que haja êxito nesse processo, portanto, é
necessário garantir a qualidade das informações que estão sendo enviadas. Em um
sistema tributário como o nosso, em que a inconstância da legislação é
recorrente, resolver esse problema é nosso novo desafio.
Mas como manter-se atualizado a essa
infinidade de alterações? São inúmeras as regras tributárias, que ainda se
alteram em relação a cada Estado. E também temos a substituição tributária.
Será que determinado produto está sujeito à substituição naquela operação com a
Bahia? E se aquele mesmo produto for enviado a Minas Gerais, teremos
substituição tributária? E aquele novo protocolo, será que mudou a relação de
Estados que praticam substituição tributária com seu produto? E os MVA que
mudam a todo momento; como aplicar os porcentuais corretos?
O desafio do SPED pode ser muito maior ao
imaginado. Neste novo cenário, de transparência na relação entre fisco e
contribuinte, sua empresa só estará segura se encontrar meios para garantir a
propriedade das informações que estão sendo enviadas. Aguardar que os possíveis
equívocos sejam identificados apenas nas auditorias da fiscalização não pode
ser uma opção. Este é o momento de investir em soluções que garantam a
integridade das informações em face da cada vez mais inconstante legislação
tributária. Esses devem ser os novos cases de sucesso do SPED.
Fabio Rodrigues de Oliveira é Diretor de
Projetos Especiais da FISCOSoft
Publicado em www.fernandosampaio.com.br
O difícil é lidar com tanta regra, com tanta complexidade tributária que nem mesmo o fisco sabe.
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