Se tudo no Brasil fosse tão bem
organizado quanto a Receita Federal, provavelmente o país não seria a sexta,
mas a primeira Economia do mundo. Para se ter uma ideia, além da declaração do
contribuinte, o Fisco recebe pelo menos outros doze documentos para fazer o cruzamento
de dados e ver se o cidadão errou ou fraudou a prestação de contas.
A Tendência é o cerco ficar ainda
mais cerrado, já que a Receita está se preparando para cruzar todos os tipos de
informações. Isso, em suma, significa que o Leão vai conhecer o caminho que
todo o dinheiro que circula no país percorreu durante o ano. "Toda
Transação feita será conhecida pela Receita. O objetivo é cruzar todas as
informações", avalia o doutor em Contabilidade e professor da Fucape,
Valcemiro Nossa.
Hoje, o Fisco já pode cruzar
informações de Serviços médicos, por meio da Declaração de Serviços Médicos e
de Saúde, a Dmed, de gastos com cartão de crédito, pela Declaração de Operações
com Cartão de Crédito (Decred), de compra e venda de imóveis, Declaração de
Informações sobre Atividades Imobiliárias, a Dimob. E isso é apenas o
aperitivo.
"O Brasil sabe arrecadar
muito bem e o sistema da Receita tem sido exemplo. Há países que vêm estudar no
Brasil nosso sistema de arrecadação. O nosso problema é o controle do gasto. A entrada
do dinheiro é bem feita, o problema é a saída. Diante disso tudo, o governo
perde uma grande chance de fazer uma reforma tributária. À medida que apertam o
cerco, as pessoas vão para a formalidade, pois têm que dar contas do dinheiro
ganho. A arrecadação aumenta. E esse, portanto, se torna um bom momento para
afrouxar os impostos".
E essa dificuldade de saber para
onde vai o dinheiro que pagamos fica maior, já que o que é arrecadado pelo
Imposto de renda vai para o caixa único do governo. "Não é um dinheiro
carimbado, que tem um fim específico", diz Nossa.
Cuidado com eles
- Despesas médicas
Despesas com hospitais, planos de
saúde e médicos são analisadas com muito cuidado pelos fiscais da Receita. Isso
porque não há limite de dedução desse tipo de gasto. Normalmente, cai na lupa
da Receita Federal quem declara gastos elevados com saúde. O cruzamento de
dados é feito por meio da Declaração de Serviços Médicos e de Saúde, a Dmed.
- Cartões de crédito
Sempre que você usa mais de R$ 5
mil do seu limite, a administradora vai informar à Receita a sua movimentação.
Isso é feito por meio da Declaração de Operações com Cartão de Crédito
(Decred). Portanto, fique atento ao que você vai informar na sua declaração.
Por exemplo: se sua renda é de R$ 4 mil, mas você tem gastos acima de R$ 6 mil
no cartão, os auditores provavelmente ficarão desconfiados.
- Empresas
Se você trabalha com Carteira
assinada, nem pense em tentar burlar o Fisco. Até o final de fevereiro, as
empresas precisam entregar à Receita a Declaração do Imposto de renda Retido na
Fonte, a Dirf. Nesse documento, consta toda movimentação de pagamentos sujeitos
à tributação.
- Imobiliárias
As imobiliárias são obrigadas a
informar à Receita as transações de compra, venda e aluguel de imóveis. Isso é
feito por meio da Declaração de
Informações sobre Atividades Imobiliárias, a Dimob. Então, nem pense em
informar um valor abaixo do que recebeu. O Leão vai, certamente, saber.
- Corretoras de ações
O Fisco cobra imposto de 15% em
cima do que foi ganho com operações na Bolsa de Valores. Em casos de compra e
venda de ações no mesmo dia, o day-trade, o valor da taxa aumenta e fica em
20%. Se o investidor vender mais de R$ 20 mil em ações em um único mês, tem que
pagar o imposto de renda. O débito é sanado no mês seguinte às operações. Vale
lembrar que em toda Transação em Bolsa é recolhido pela Receita Federal 0,005%
do valor. É um valor mínimo de imposto para que o Fisco saiba de suas contas.
Quer dizer que o recolhimento é pequeno, mas suficiente para o Leão ficar bem
atento às movimentações.
- Cartórios
Operações de compra e venda de
imóveis são informados, também, pelos cartórios. Isso é feito por meio da
Declaração sobre Operações Imobiliárias (DOI). São os cartórios, também, que
deduram o número de dependentes. Declarar, falsamente, que tem oito filhos para
tentar diminuir a mordida do Leão pode não ser uma boa ideia.
- Parentes
Sim, sua família pode te dedurar
e colocar suas contas na malha fina. Isso porque muita gente esquece que é
preciso combinar com o cônjuge quem vai incluir o filho como dependente. Se os
dois o colocarem, fatalmente serão pegos pela fiscalização.
- Bancos
Lembra da CPMF? Além de dar pequenas mordidas no seu
orçamento, esse famigerado imposto tinha a função de verificar se o contribuinte
não estava realizando transações suspeitas. Sim, a Receita usava esses dados
para “espionar” suas contas. O fim dessa taxa não diminuiu o olhar de lince do
Leão. Hoje, os bancos são obrigados, por meio da Declaração de Informações
sobre Movimentações Financeiras (Dimof) todas as transações bancárias que
superem os R$ 5 mil. São olhadas com lupa, entretanto, aquelas transações de R$
100 mil ou mais.
- Luxos
Comprou um carrão ou um iate? A
Receita sabe. O órgão tem acesso a todas
as negociações envolvendo veículos (via Renavam), barcos e lanchas (via
Capitania dos Portos) e aeronaves (via Anac). A Receita tem acesso à
movimentação desses órgãos.
Fonte: Gazeta On Line
Publicado em www.fernandosampaio.com.br
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.