por Gilvânia Banker | Jornal do
Comércio/RS
O sistema tributário brasileiro
está em plena era da informatização. A relação entre o fisco e o contribuinte
migrou do papel para o ambiente virtual há pelo menos sete anos com a Nota
Fiscal Eletrônica (NF-e), criada em 2005. Porém, o Rio Grande do Sul se orgulha
de ser pioneiro na realização da primeira emissão do documento, em 2008. No
entanto, a nova modalidade de controle fiscal ainda não está acabada, mas em
constante evolução. De acordo com o coordenador do Encontro Nacional de
Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat) e auditor fiscal
da Secretaria da Fazenda da Bahia, Eudaldo Almeida de Jesus, muitas novidades
ainda estão sendo planejadas para esse ano.
Uma das mudanças que já está em
vigor desde o dia 1 de julho de 2011 e atinge a maioria das empresas do
comércio varejista no País é a obrigatoriedade do preenchimento na NF-e, da
numeração do código de barras dos produtos comercializados. A determinação do
Ministério da Fazenda e do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) é
que todos os contribuintes que adotaram a padronização da GS1 Brasil –
Associação Brasileira de Automação devem informar o Gtin (Número Global de Item
Comercial), numeração localizada abaixo do código de barras. A organização
brasileira é responsável pela unificação de processos de logística e
rastreabilidade de produtos para o varejo.
De acordo com a assessora de
Soluções da GS1, Ana Paula Vendramini Maniero, com a obrigatoriedade do GTIN,
houve um aumento em média de 1% no número de empresas associadas. “Não é um
crescimento significativo, pois pela normatização, ficam obrigadas apenas
aquelas instituições que já possuem o código de barras”, explica a executiva.
Os benefícios dessa
obrigatoriedade para as organizações, segundo Ana Paula, é ter as informações
de entrada e saída do produto atrelado ao sistema eletrônico. “Ele nada mais é
do que os dados do produto na nota alinhado ao estoque”, explica.
Anteriormente, cada estabelecimento colocava sua própria numeração e isso
dificultava o acesso do fisco. Conforme a assessora, não existe nenhum custo
adicional para o cumprimento dessa obrigatoriedade, somente para os que
desejarem informatizar e aumentar o controle interno e externo de seu negócio.
No Rio Grande do Sul, a
obrigatoriedade já atinge grande parte do comércio varejista. De acordo com o
subsecretário da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, Ricardo Neves Pereira,
a fiscalização da nova regra é feito via sistema. Mas, segundo ele,
praticamente todas as empresas já estão adaptadas.
O grupo nacional que coordena a
elaboração desses códigos de barras, o GS1, na visão do subsecretário,
facilitou o processo de automação de compras e vendas, na relação “business to
business”. “Sem a codificação padronizada é impossível a auditoria ter acesso
ao que entra e o que sai de mercadorias nos estabelecimentos”, comenta.
Antes de qualquer obrigatoriedade
entrar em vigor, conforme o subsecretário, as Secretarias de Fazenda
estabelecem um acordo com os empresários e seus representantes e explicam as
alterações estabelecendo prazos para a adaptação. “O objetivo é facilitar a
vida das organizações e também ampliar o nosso processo de controle e
auditoria.”
O Estado conta hoje com 134 mil
instituições credenciadas como emissoras de NF-e. Porém, ele explica que, se
uma empresa estiver devidamente credenciada a emitir o cupom fiscal, ela não
precisa emitir o documento eletrônico. No entanto, se for realizar uma remessa
de mercadorias para fora do Estado, nesse caso, é necessário a emissão do
documento.
Um dos objetivos da Nota Fiscal
Eletrônica, de acordo com o coordenador do Encat, é evitar a sonegação. Com a
documentação informatizada ficou mais difícil burlar as informações e, segundo
ele, verificou-se aumento na arrecadação em todos os estados, mesmo que isso
não comprove exatamente que ela seja a razão desse acréscimo. “O crescimento da
arrecadação não se dá apenas por isso, mas pela melhora na economia do País”,
analisa.
Inovações são preparadas para o
próximo semestre
A cada ano o fisco procura lançar
uma inovação. Desde o surgimento da Nota Fiscal Eletrônica, novos eventos estão
sendo estudados a fim de torná-la ainda mais completa. O Gtin (Número Global de
Item Comercial), numeração localizada abaixo do código de barras, facilitou a
fiscalização e o recolhimento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), explica a assessora de Soluções da GS1, Ana Paula Vendramini
Maniero.
Depois do Gtin, a próxima
alteração que promete revolucionar o mercado é o item da Manifestação do
Destinatário, que deve entrar em teste em julho desse ano. “Se o destinatário
devolver a mercadoria, ele vai manifestar essa informação no sistema”,
exemplifica o coordenador do Encontro Nacional de Coordenadores e
Administradores Tributários Estaduais (Encat) e auditor fiscal da Secretaria da
Fazenda da Bahia, Eudaldo Almeida de Jesus. De acordo com dados do Ministério
da Fazenda, já foram emitidas mais de 4,3 bilhões de NF-e no País provenientes
de 792 mil empresas credenciadas.
De acordo com o coordenador, a
organização tributária brasileira é a mais informatizado do mundo. “Com o
documento eletrônico, nós só apertamos um botão e temos todo o controle”, diz.
Ou seja, o Brasil tem hoje um fisco digital e não mais de papel. “Isso muda o
nosso monitoramento sanando as brechas para a Justiça fiscal”, acredita.
Outra novidade que ainda está em
estudo pelo Encat é a Nota Fiscal Eletrônica para o consumidor final. Segundo
Almeida, as administrações tributárias estaduais terão uma área fiscal voltada
para esse sistema e o projeto contará com uma legislação nacional aprovada pelo
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). “Queremos a redução do Custo
Brasil”, argumenta.
O auditor adianta, ainda, que o
grupo já está elaborando uma forma de simplificar a exportação de produtos,
reduzindo a burocracia em alguns elementos. Ou seja, a ideia é criar novos
eventos na própria nota fiscal, evitando uma série de caminhos que hoje são
necessários e acabam dificultando o processo.
Estado gaúcho larga na frente com
documento eletrônico ao consumidor
A Secretaria da Fazenda do Rio
Grande do Sul (Sefaz/RS) iniciou antecipadamente uma operação no comércio como
forma de preparação para o novo projeto de NF-e ao consumidor. O subsecretário
da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, Ricardo Neves Pereira, informa que a
Sefaz/RS está trabalhando numa variação do projeto. “Não é o modelo nacional,
mas é um precursor”, adianta.
A ideia não é nova. De acordo com
o subsecretário, nas grandes lojas do varejo dos Estados Unidos, a nota da
compra é enviada ao cliente por e-mail, eliminando totalmente a impressão em
papel, diminuindo as despesas e favorecendo o meio ambiente. “Talvez a
tendência do Brasil seja nesse sentido”, aposta.
Uma das instituições que aceitou
realizar a experiência é a Lojas Renner. Para o diretor de Tecnologia da
Informação e Gestão da regional gaúcha, Leandro Balbinot, a companhia fez
questão de aderir ao projeto-piloto do novo modelo com intuito de reduzir
custos e diminuir o tempo de espera na fila das lojas. A rede possui em todo
Brasil 166 lojas, sendo 21 no Estado, com uma circulação diária em média de 380
mil pessoas em todo o País. “A nossa filosofia é a busca incessante pela
superação das expectativas dos nossos clientes, e a Nota Fiscal Eletrônica é
mais uma oportunidade de colocar este valor corporativo em prática”, destacou.
Atualmente, as lojas utilizam a
impressora fiscal ECF para emissão do cupom e, em períodos de alta, como no
Natal, por exemplo, a empresa necessita adquirir novas impressoras para dar
conta do volume da comercialização. Com o novo projeto, as impressoras não
terão mais utilidade. “A venda pode ser feita até mesmo por um tablet”,
comemora o diretor.
Fonte: http://jcrs.uol.com.br/ em www.robertodiasduarte.com.br
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.