Em 2012, a estimativa é de que
98% dos dados enviados pelas empresas à Receita Federal em ambiente eletrônico,
por meio do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), não seguiram as
regras do manual da Receita ou apresentam algum tipo de divergência tributária
no cálculo do imposto.
A constatação de que 98% das
empresas enviaram dados via web com algum tipo de divergência, no primeiro
quadrimestre faz parte de levantamento feito pela área fiscal da Prosoft entre
seus clientes. A empresa fornece aplicativos para cerca de 7 mil contadores,
espalhados pelo Brasil. Os softwares usados pelos contadores unificam dados
operacionais e tributários das empresas.
No momento em que os dados das
empresas são enviados ao Fisco em ambiente eletrônico (sistema Sped), a Receita
tem um validador que verifica se a informação está no arquivo (layout) correto.
Mas, não há a análise se o cálculo do tributo, ao longo do processo da empresa,
está certo ou errado. “As empresas estão enviando as informações para a Receita
sem enxergar as divergências de números ao longo de todo o processo. Somente
quando a Receita começar as autuações, a consciência fiscal aumentará”, diz o
diretor de análise tributária da Prosoft, Igor Garrido.
O executivo chama de consciência
fiscal a parceria entre o contador, o empresário e a empresa de tecnologia da
informação. “É preciso a ação conjunta das três áreas. Para a unificação de
dados tributários e de dados operacionais da companhia, é fundamental que o
empresário trabalhe em parceria com o contador”, afirma.
O Sped exige que o serviço de
consultoria tributária seja desenvolvido com profissionais da área de
tecnologia. “Passamos a ter um Fisco de alta tecnologia, se compararmos com o
de outros países”, diz o sócio da área de Consultoria Tributária da Deloitte,
Douglas Lopes.
De 2007 até hoje, a Receita
programou etapas para a transmissão de diferentes dados da empresa via web:
Sped Contábil, Sped Fiscal (IPI e ICMS) e Sped Contribuições (PIS e Cofins). O
mercado aguarda a fase do Sped Social (folha de pagamento das empresas). A
qualidade das informações fornecidas no Sped Contribuições (PIS e Cofins) tem
sido a principal preocupação nos primeiros quatro meses de 2012.
Divulgada em fevereiro, a 6ª
pesquisa IOB SPED, feita com 929 empresas ouvidas pela IOB Folhamatic,
constatou que os entrevistados encontraram mais dificuldades no Sped
Contribuições (PIS e Cofins) por ser uma obrigação “nova”, sem antecedentes,
gerando muitas dúvidas.
Das 929 empresas pesquisadas, 10%
já receberam notificação do Fisco no ambiente digital, sendo que 45% delas
foram originárias de obrigações eletrônicas do Sped. Em sua maior parte, foram
recebidas nos últimos dois anos. Das empresas notificadas, 30% afirmaram que o
procedimento gerou infração ou multa para a empresa.
O sócio da área de Impostos da
Ernst & Young Terco, Cláudio Braga, explica que mais da metade da carteira
de clientes que recebem consultoria na implantação do Sped terão de retificar
informações enviadas em 2012. “Muitos não fizeram o investimento adequado em
tecnologia e consultoria tributária. Também há dificuldades para se encontrar
mão de obra adequada nas empresas”, afirma Braga.
Segundo a sócia da
PricewaterhouseCoopers (PwC), Elidie Bifano, especializada em tributos, há
cinco anos, as empresas não sabiam o que era Sped. “Hoje, 70% das clientes da
PwC apresentam um risco aceitável nas informações enviadas ao Fisco. Noto a
preocupação maior com a qualidade da informação inserida no sistema digital do
Fisco.”
Jornal Valor Econômico | Via http://www.noticiasfiscais.com.br
Veja Também:
Comentários
Postar um comentário
Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.