Para o setor contábil
deslanchar ainda mais no Brasil, falta a contrapartida do governo federal no
que diz respeito a carga tributária e simplificação dos trâmites legais. A
opinião é de Luiz Fernando Nóbrega, presidente do Conselho Regional de
Contabilidade (CRC). Por outro lado, ele ressalta que o segmento caminha à
frente do de outros países da América no que diz respeito a organização e
ferramentas de pagamento. Para Nóbrega, o papel do contador no Brasil está meio
distorcido. “Hoje o contador não trabalha para o cliente, mas para o governo.”
São Paulo – 2012 promete ser
um ano de mudanças dentro do setor de contabilidade. De acordo com Luiz
Fernando Nóbrega, presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC), o
segmento contábil caminha à frente do de outros países da América no que diz
respeito a organização e ferramentas de pagamento, e o que falta para o setor deslanchar
é a contra partida do governo federal no que diz respeito a carga tributária e
simplificação dos trâmites legais.
“Não há dúvida de que
estamos entre os países mais avançados no setor de contabilidade. O que
esperamos agora é que se desenvolva um processo mais fácil e menos burocrático,
para que o contador tenha mais tempo para analisar separadamente cada ação, e
agir melhor”, afirmou o executivo.
De acordo com Nóbrega o
papel do contador no Brasil está um pouco distorcido. “Hoje o contador não trabalha
para o cliente mas para o governo”, disse ele, e continuou: “Uma
desburocratização por parte do governo eliminaria uma série de informações
redundantes que são constantemente enviadas”.
A expectativa do executivo é
de que este ano o setor cresça a cima do crescimento médio da economia – por
volta de 5% – e o que puxará o segmento é a força do meio contábil, que se faz
cada vez mais necessário. “A profissão contábil adentra 2012 com uma
expectativa ainda maior do que a de 2011.Estamos sendo cada vez mais
reconhecidos pela sociedade com um papel de destaque no auxílio efetivo aos
nossos clientes. As normas internacionais estão se consolidando tanto na área
privada quanto na pública”, diz.
E com a desburocratização
também será importante para valorizar o profissional da área. “Quando o governo
perceber que há uma necessidade de rever formas de tributação, nós mudaremos
toda a cultura do segmento”, assevera Nóbrega, e explica: “Feito isso, o
profissional irá escrever mais, pensar mais, e as tributações serão mais
justas, e o crescimento será latente, teremos escritórios que contratarão ainda
mais, universidades formarão ainda mais e empresas perceberão a necessidade de
profissionalizar este setor”, disse.
De acordo com executivo um
dos passos caminhados ano passado pelo mercado contabilista brasileiro, que
resultará num cenário positivo para o setor, é o destaque do País na adequação
de leis internacionais de tributação. “O Brasil se tornou um dos líderes
mundiais do processo de convergência das normas contábeis, no ano passado.”
Exemplo disso, explicou
Nóbrega, foi a criação de um grupo do setor que representa a América Latina, e
dá voz ao Brasil e países vizinhos sobre o setor. “Criamos ano passado o Grupo
Latino-americano de Emisores de Normas de Información Financiera (Glenif),
presidido por um brasileiro, Juarez Domingues Carneiro, que também é presidente
do Conselho Fedaral de Contabilidade (CFC), dando voz efetiva aos países
latinos dentro do International Accounting Standards Board (Iasb). Esta conquista
permitirá uma transposição interna muito melhor para as normais internacionai,
haja vista nossa interferência no processo de elaboração destas.”
Nóbrega afirmou ainda que o
encaminhamento desta postura internacional resultará em promoção do profissional
e da sociedade com relação ao setor. Ele explica ainda que para este ano, as
mudanças pleiteadas pelo CRC estão em âmbito nacional são as mesmas feitas há
algum tempo. “Nosso pleito acaba se tornando um clichê, mas esperamos uma
redução e simplificação da carga tributária, além de uma desburocratização dos
processos de constituição e licenciamento das empresas.”
“Isso se traduz, para nós,
profissionais da contabilidade, em uma economia de tempo valiosa que nos
permitirá atuar em áreas mais nobres para os nossos clientes, áreas estas que
possam gerar um maior valor com nossos serviços”, analisa.
Mudanças
O executivo explica que há
uma movimentação conjunta entre associações, empresas e contadores para
pressionar o governo e mudar a realidade tributária do brasil. “É uma ação
conjunta com pressão por parte dos órgãos que representam o setor, além de
empresas que buscam melhorias.”
Um dos meios usados para
isso, explica, é a Internet. “Já derrubamos algumas barreiras, mas ainda há
muito que conquistar nesse meio ainda”, disse.
“Falamos de um futuro ainda
mais promissor, de um setor que não cresce mais em razão de impasses do
governo, então, percebemos cada vez mais a ciência do contador com relação a
isso, e a busca por melhorias”, disse.
“Damos assistência a todos
os setores da economia, crescemos junto com todos eles”, afirmou Nóbrega, que
acrescentou: “Para crescermos acima da média, precisamos otimizar o trabalho do
contador, precisamos que ele gaste mais tempo descrevendo, por escrito, a
realidade de cada negócio, e assim a tributação será mais justa”, afirmou.
Solução requer paciência
Para driblar os problemas e
manter o ritmo de crescimento a solução, de acordo com Nóbrega, está em um
trabalho “de formiguinha”, em conjunto com todos os públicos. “Não podemos
esperar uma mudança brusca de última hora. Não funciona assim”, disse.
O executivo afirma que o
setor contábil no Brasil ainda pensa com uma cabeça às vezes antiquada com
relação a tributação. “Não é possível, muitas vezes, usar a mesma base de
comparação para todos os impostos, há casos que precisam ser pensados e
analisados separadamente.”
A mudança, gradual, que já
teve início, não tem prazo para ser resolvida, mas nem tudo está perdido. “O
mercado está otimista, o Brasil já tem voz ativa nos padrões mundiais do setor,
e é uma questão de tempo para que as coisas se resolvam. Precisamos apenas
manter o ritmo e o empenho”, diz.
O cenário se mostra tão
positivo que novas áreas começam a surgir dentro da contabilidade. “Temos
informações de novas categorias dentro da contabilidade, contratação de
profissionais focados em análise, coisa que nunca existiu e abre um leque de
opções para o emprego no setor.”
Paula Cristina
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.