Texto muito legal sobre o futuro e o presente deste "novo mundo digital"
As mudanças no sistema de
controle fiscal das Secretarias de Fazendas Estaduais (Sefaz) de todo o País já
está funcionando a pleno vapor. A nova Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), segunda
geração (2G), atinge praticamente todas as instituições brasileiras que estão
dentro da obrigatoriedade do uso dessa moderna ferramenta
Desde abril de 2011, as
empresas operam dentro da nova versão de NF-e, que traz inúmeras melhorias. No
Rio Grande do Sul, de acordo com o subsecretário-adjunto da Receita Estadual, o
agente fiscal Newton Guaraná, todas as exigências estão sendo cumpridas. Ele
explica que as mudanças atendem a uma necessidade do mercado, oportunizando o
reconhecimento de erros que antes só podiam ser realizados separadamente.
Muitas outras melhorias ainda estão em estudo e deverão ser implementadas em
2012.
Durante o ano que passou, os
órgãos fazendários de todos os estados representados pelo Encontro Nacional de
Administradores Tributários Estaduais (Encat) e a Receita Federal do Brasil
(RFB), buscaram fazer as adaptações necessárias na qualidade das informações
prestadas através da NF-e. De acordo com os dados do Encat, até janeiro de
2012, mais de um milhão de contribuintes estavam autorizados a emitir o
documento, o que representa um volume de autorizações de 180 milhões de
documentos ao mês, em ambientes de autorização robustos e com tempos de
resposta abaixo de um segundo.
A nova versão possibilita
maior integração de diversos sistemas, ou seja, trata-se de ampla e precisa
malha fiscal que possibilita aos órgãos fazendários e demais envolvidos maior
controle em todo o processo de produção, comercialização, transporte e trânsito
das mercadorias. O agente fiscal explica que ela amplia a qualidade da
informação, pois é possível saber todo o seu percurso, desde a saída da empresa
até a chegada ao destinatário final.
Segundo Guaraná, a primeira
versão da NF-e era estática e não permitia a modificação de qualquer evento,
seja um cancelamento ou uma simples correção. “Ela não permitia qualquer
agregação, pois poderia colocar em risco a segurança da operação”, comenta.
Quando o contribuinte cometia um erro em algum dado, era preciso fazer uma
carta de correção, porém, hoje, isso já pode ser alterado no próprio documento
digital.
Mesmo que existam soluções
de NF-e disponíveis no mercado, essa adaptação da segunda geração, de acordo
com o subsecretário, não exige que o emitente adquira um novo sistema de emissão,
pois as funcionalidades se encontram basicamente nos sistemas das Secretarias
de Fazenda. “É claro que existirão eventos que exigem adaptações nos sistemas
dos contribuintes, mas estas são adaptações, e não um novo sistema”, explica
Guaraná.
A arrecadação via documento
eletrônico representa em torno de 70% da receita do Estado, pois os serviços
como energia elétrica, telecomunicação e comércio varejista não necessitam de
NF-e, que juntas somam 30%. De acordo com o subsecretário-adjunto, as
validações também estão mudando. O sistema faz checagem dos dados e as
validações são bloqueadas se o contribuinte cometer alguns erros, tais como
valores, código de barra que não traduza a operação ou a base de cálculo que
não esteja igual ao valor do imposto.
Além disso, a Fazenda
Estadual não libera as notas que não estiverem com a situação cadastral do
destinatário correta. Essa barreira do sistema trouxe certo tumulto nos
primeiros dias de janeiro quando a segunda geração teve seu início, mas segundo
Newton Guaraná, todas as dúvidas foram contornadas em tempo. “As validações
permitem maior consistência e segurança para o contribuinte, pois ele só irá
investir se o comprador estiver com os dados corretos”, justifica. A ideia é
regularizar o mercado, pelo menos, essa é a intenção dos administradores
tributários. Caso o contribuinte tenha a sua operação negada, terá de entrar em
contato com a Sefaz. O e-mail nfe@sefaz.rs.gov.br também é um caminho para
solucionar as dúvidas.
Outra alteração realizada em
2012 favorece o Microempreendedor Individual (MEI). Até 2011, o Estado possuía
aproximadamente 67 mil microempresas sem a possibilidade de emissão do
documento fiscal. Atualmente, praticamente todas elas já possuem acesso à nota
avulsa eletrônica. “Com esse item, o Rio Grande do Sul foi mais uma vez
pioneiro, vanguardista”, completou.
Maior clareza nas operações
beneficia empresas
O grupo Dimed Panvel
participou da implementação da nota eletrônica, em setembro de 2006. De acordo
com o gerente de Tecnologia da Informação, Carlos Dottori, todas as manutenções
para o novo sistema já foram realizadas. Na visão de gerente, a clareza na
forma de fechamento dos cálculos facilitou a comunicação junto aos clientes.
“Entendemos que, quanto mais informações forem validadas pela Sefaz e com maior
profundidade, sem onerar a performance dos serviços, melhor será para o
contribuinte e para a cadeia”, opina.
Dottori diz que a mudança da
nova geração da nota fiscal eletrônica não exigiu da empresa um novo software,
tampouco uma mudança radical, mas apenas uma readequação da solução já
existente na Dimed, que, segundo ele, foi desenvolvida internamente pela equipe
de TI.
De acordo com o
especialista, em algumas das modificações realizadas pelos órgãos fazendários,
necessita de maior atenção, como a informação do código EAN na nota fiscal,
pois não é possível preencher com valor zero, por exemplo. Ele explica que, se
não há valor, é preciso deixar em branco, nulo. Os totalizadores de itens da
nota devem ser precisos, o CEP do emitente passou a ser uma informação
obrigatória e alguns outros itens, opcionais. “Apesar disso, não tivemos
maiores problemas, a transição foi bastante tranquila”, comenta.
Segundo o gerente, para
garantir o sucesso na nova implantação, a Dimed utilizou processos formais de
gestão de projetos, baseadas nas práticas de desenvolvimento de software,
gerenciamento de projetos e governança de TI.
Empresas disponibilizam
software específico
Com a nota eletrônica,
muitas empresas de Tecnologia da Informação buscaram desenvolver os softwares
adequados à utilização do documento. Para o diretor de produto da Decision IT,
Eduardo Batistela, está ocorrendo uma revolução no sistema da NF-e segunda
geração. A empresa criou o Notamax, que é uma solução de nota fiscal
eletrônica. “É importante distinguir os conceitos, pois os impactos são
completamente diferentes”, esclarece.
Para o diretor, a principal
mudança fica por conta da presença do item Manifestação de Destinatário, que
deve ser preenchido na nota, exigência que não era cobrada. É que, antes do
conceito da NF-e de segunda geração, o destinatário da mercadoria não
participava do processo de validação da autenticidade do documento fiscal, a
não ser quando era intimado pelo fisco para circularização de informações. O
projeto-piloto da Manifestação do Destinatário teve início em novembro de 2011
e se estenderá até fevereiro de 2012. “Podemos esperar para abril deste ano uma
nota técnica para as empresas que desejarem avançar para passarem a utilizar os
novos recursos que trarão benefícios importantes ao destinatário, hoje, parte
esquecida no processo da NF-e”, completa.
De acordo com Batistela, a
manifestação do destinatário introduz quatro novos eventos na segunda geração.
Ele salienta que o projeto proposto pelo Encat nasceu com 24 eventos, ou seja,
ainda existem outros para o aproveitamento das funcionalidades planejadas.
Ele destaca as melhorias da
tecnologia usada para solução de emissão da Carta de Correção (CC-e). Se a
empresa já utilizava sistema para emitir o sistema para corrigir erros,
conforme convênio Sinief s/nº de 1970, ele deverá ser adaptado para passar a
emitir a CC-e. Batistela diz que as soluções de NF-e terão que estar preparadas
para atualizar as novas demandas ainda previstas para 2012. “Se o setor fiscal
utilizava um editor de textos para fazer a carta de correção, terá que passar a
utilizar uma solução específica na área fiscal de forma a fazer a CC-e dentro
do padrão digital exigido pelo fisco”, explica.
Contador aprova mudança na
NF-e
A tecnologia tem se mostrado
uma forte aliada da contabilidade. Para a contadora e sócia do Rosário Serviços
Contábeis Ltda, Jandira Morete Zinelli do Amaral, a nova geração da nota fiscal
eletrônica facilitou a vida dos profissionais contábeis. No entanto, o trabalho
realizado de preenchimento da nota exige muito preparo e conhecimento para não
ocorrer erros. “Antes era mais fácil, mas agora é necessário uma pessoa
especializada, treinada para isso, para que ela consiga entender o que está
fazendo, pois todos os campos precisam ser preenchidos”, alerta.
A preocupação da contadora é
reforçada pela responsabilidade do profissional quanto aos documentos fiscais
gerados a partir da nota fiscal. Todas as informações darão origem a uma série
de outros serviços, como o Sped PIS e Cofins, Sped Fiscal do ICMS e IPI. “Nós
conferimos nota por nota quando chega ao escritório”, comenta. Segundo ela,
todos os clientes que estão obrigados a usar essa ferramenta já estão
utilizando. Para Jandira, a organização foi um dos pontos mais positivos que a
nota fiscal eletrônica trouxe aos clientes. Além do mais, “ela conseguiu dar
unicidade ao mercado”.
No escritório Tessmann
Assessoria Empresarial, todos os clientes do lucro real, importadores e
exportadores utilizam a nova versão. Na opinião do diretor-geral e consultor
contábil, Charles Tessmann, a contabilidade mudou bastante após a NF-e, mas o
perfil do profissional contábil também modificou. “Hoje necessitamos de um
profissional muito mais completo, onde além das técnicas contábeis e fiscais,
tenha a prática da tecnologia da informação, importação de dados, automação dos
sistemas, análise de informações e bancos de dados”, completa.
Para Tessmann, a segunda
geração do sistema eletrônico trouxe muito mais agilidade e facilidade para a
leitura e importação das informações. “O ideal é procurar profissionais
contábeis que possam auxiliar neste processo, com antecedência e planejamento,
a fim de não causar transtornos e prejuízos para a empresa”, resume.
Apesar das mudanças
positivas geradas pelos sistemas de informação, Tessmann diz que elas ainda
provocam dúvidas, inseguranças e dificuldades para os empresários que não
buscam se organizar e não trabalham com um planejamento estratégico bem
elaborado e não revisam o posicionamento institucional da empresa.
Empresas que chegam ao País
buscam se adaptar ao novo sistema
A Magic Software, provedora
de soluções de integração e desenvolvimento de aplicações de negócios, registra
aumento da procura pelo iBOLT NF-e por parte das empresas estrangeiras que
desejam se instalar no Brasil e que terão que integrar seus sistemas de gestão
financeira com o portal da Nota Fiscal Eletrônica. A maior parte das
solicitações vem da indústria automotiva, onde se espera crescimento intenso
devido ao anúncio da construção de novas fábricas em território nacional,
principalmente vindas do continente asiático.
As empresas que irão se
instalar no Brasil, segundo Rodney Repullo, CEO da Magic Software Brasil, terão
que adaptar seus sistemas de gestão financeira às regras do fisco brasileiro, e
a Nota Fiscal Eletrônica é o primeiro item a ser considerado. “Estas companhias
podem manter o sistema de gestão utilizado na matriz, adquirir um ERP
brasileiro, mas terão que buscar uma aplicação que possa integrar o sistema ao
portal da Sefaz. Como o iBOLT possui grande aceitação em muitos países, era de
se esperar que ele venha a ser procurado para ser a ferramenta de integração.
Como criamos o módulo iBOLT NF-e para o nosso mercado e facilmente integrável a
qualquer ERP, a procura pela solução está em alta”, explica.
Repullo lembra que uma das
primeiras empresas globais que adotaram o iBOLT NF-e no Brasil foi a
multinacional Sony DADC, que superou o desafio de adequar seus sistemas para
atender às diferentes exigências fiscais com a solução da Magic Software. “A
necessidade de cumprir as regras fiscais brasileiras, como a nota fiscal
eletrônica, faz com que as multinacionais que chegam ao nosso mercado busquem
uma tecnologia capaz de ajudá-las neste processo.
AGCO foi uma das pioneiras
no projeto do documento eletrônico
Desde o início da
implementação da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) no Estado, a AGCO do Brasil,
empresa de equipamentos agrícolas, foi uma das primeiras a participar do
projeto. De acordo com o supervisor de Impostos da AGCO América do Sul, Marcelo
Costa, o processo foi um grande desafio pela amplitude das informações demandas
pelo fisco, que exigiu o envolvimento de diversas áreas da empresa tais como
fiscal, comércio exterior, contas a pagar, faturamento, contabilidade, entre
outras, e, principalmente, a Tecnologia da Informação (TI).
Ele conta que a empresa teve
de disponibilizar recursos para o processo, possibilitando e otimizando o
mapeamento das regras e informações obrigatórias. Apesar disso, as vantagens
que a nota eletrônica trouxe para empresa compensaram todo o empenho inicial. O
executivo da AGCO conta que houve redução de espaço físico e no custo de
armazenagem dos documentos fiscais, além de trazer maior transparência do fluxo
de informação e de maior controle da empresa e do fisco.
A AGCO trabalhou como
parceira para adequação do sistema diante das alterações que foram introduzidas
na segunda geração e, de acordo com Costa, as melhorias repercutem no melhor
controle da informação eletrônica entre o destinatário e o remetente da NF-e,
além da redução do risco de cancelamentos indevidos. Ele destaca que, hoje, há
maior transparência das NF-e emitidas contra a AGCO. Segundo Costa, o controle
mais efetivo do fisco é positivo para empresas que têm interesse em ter todas
as operações dentro da legalidade. “A NF-e vem agregar transparência ao
processo e empurrar para a legalidade eventuais concorrentes que possam estar
praticando concorrência desleal por evasão fiscal”, resume.
Por Gilvânia Banker
Republicado em www.robertodiasduarte.com.br
Fonte: Jornal do Comércio/RS
em http://jcrs.uol.com.br/
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.