Reportagem
publicada no jornal O Popular de 21 de janeiro de 2012
Fazenda aperta cerco por escrituração fiscal digital
A
partir de março, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) começará a fiscalizar as
empresas, que não estão enquadradas no Super Simples, que deixaram de enviar a
escrituração fiscal através do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).
Segundo o coordenador do Sped fiscal da Sefaz, Élcio
Nunes Basílio, as empresas que não enviaram a escrituração via on-line ainda
poderão fazê-lo, sem implicação de multas. Mas a partir do momento que for
iniciada a fiscalização, as empresas visitadas arcarão com multas a partir de
R$ 591,00, com valores crescentes, de acordo com o faturamento bruto.
O programa do Sped é fornecido gratuitamente pela
Receita Federal, que repassa os dados para a Sefaz. A presidente da Associação
Comercial e Industrial do Estado (Acieg), Helenir Queiroz, estima que centenas
de empresas goianas não conseguiram apresentar seus registros fiscais no tempo
hábil. Ou seja, até anteontem, porque não conseguiram ajustar os programas de
computador com o da Sefaz.
O presidente do Sindicato dos Contabilistas no Estado
de Goiás, Everaldo Ribeiro, lembra que a prestação de contas de forma
eletrônica das empresas ao Fisco é um sistema nacional. Ele entende que quanto
mais rápido as empresas se adaptarem melhor para elas, para os contabilistas e
para o próprio Fisco.
“O problema é que algumas empresas não querem
aperfeiçoar seu software, investir em equipamentos de informática e no
treinamento da mão de obra para lidar com os novos sistemas”, observa Ribeiro.
A observação do presidente do Sindicato dos
Contabilistas tem fundamento. Um levantamento realizado pela FiscoSoft Editora,
de São Paulo, com 1.181 médias e grandes empresas de todo o Brasil, sobre os
custos e impactos da implantação do Sped para as empresas brasileiras, mostra
que, apesar de melhorar a qualidade de informações e diminuir a possibilidade
de fraudes, o Sped eleva gastos com mão de obra especialmente voltada para
lidar com esta nova sistemática.
O estudo mostra que 96,3% das empresas pesquisadas
afirmaram que necessitam aplicar hoje mais recursos (horas de profissionais,
sistemas, consultoria externa e outros) para cumprir suas obrigações
tributárias, do que dispendia antes do surgimento do Sped.
Mas 79,3% dos entrevistados admitiram que, apesar do
encarecimento dos custos operacionais com a implantação do Sped, houve ganho na
qualidade gerencial e dos controles internos, com a redução de erros, que em
geral ocasionam pesadas multas. Quase 90% dos empresários entendem que o
Sistema é benéfico para o País e também para as empresas.
Pane
O
diretor da AB Editora e Distribuidora de Livros Ltda, de Goiânia, Maurício
Oliveira, reclamou ao POPULAR, através de e-mail para o Fale Conosco, que nos
últimos dias 14 e 15 de fevereiro não conseguiu emitir nota fiscal eletrônica
devido a uma pane no sistema da Secretaria da Fazenda. Segundo ele, como
trata-se de um sistema centralizador, e os empresários não têm outra alternativa,
sua firma teve prejuízo nas vendas e o Estado deixou de arrecadar mais com
impostos.
O coordenador de documentos fiscais da Sefaz, Antônio
Godoi, garante que o sistema eletrônico do órgão funcionou e está funcionando
normalmente. “Nosso serviço é monitorado a cada cinco minutos e o tempo
demandado pelas empresas para emissão de documentos fiscais não chega a um
segundo”, afirma. Ele conta que, diariamente, 60 mil empresas emitem documentos
fiscais eletronicamente, sem problemas.
Antônio Godoi informa que, nos últimos dias, a Sefaz
implantou uma nova regra de validação da nota fiscal eletrônica, para evitar
fraudes. Cita que, com o novo sistema, se, por exemplo, o valor da nota fiscal
for de R$ 14,98, ele não pode ser arredondado para R$ 15,00, pois caso
contrário ocorre erro.
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Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.