Atualmente 50% da composição dos custos das empresas que atuam no setor logístico brasileiro estão relacionados ao pagamento de tributos. A combinação dessas elevadas taxas com a complexidade no modelo de cobrança criado pelo Governo resulta em uma série de desafios. Reduzir custos, diminuir retrabalho, mitigar riscos e estar em conformidade com obrigações legais são alguns deles e, que se não superados, podem diminuir a competitividade e até prejudicar a sobrevivência dessas empresas. O cenário é real e inevitável. A saída é buscar o apoio de tecnologias que possam ajudar a atingir esses objetivos e driblar as adversidades.
É importante contextualizar que há vários anos o segmento brasileiro de logística vinha apresentando um crescimento acima do PIB. Em 2014 não foi diferente e algumas empresas de transporte sinalizaram que encerraram o ano, mesmo com as turbulências econômicas, com incrementos em seus faturamentos acima da inflação. Ainda não existem números confiáveis do resultado final em 2015. Contudo, dados parciais até outubro, já indicavam uma retração forte neste setor da ordem de 6%, ou seja, superior à queda do PIB, com 3% de retração. Isto indica uma deterioração significativa, naturalmente explicada pelo fato do setor logístico ser um prestador de serviços especialmente para o comércio e indústria, ambos com números negativos. Os investimentos por parte do governo também foram reduzidos. Atualmente apenas 2% do PIB destina-se à infraestrutura logística. O ideal seria aplicar pelo menos 4%.
Diante deste cenário econômico desfavorável e de um aumento abusivo da carga tributária é compreensível e praticamente impossível que o segmento possa melhorar seu desempenho em termos de receita. Sem falar da grande dificuldade de atender a legislação, principalmente no contexto eletrônico. O E-Gov transformou-se em uma dor de cabeça enorme para o setor logístico. E, por mais cuidadosas que sejam, é muito difícil para essas companhias estarem 100% aderentes à legislação. Isso não ocorre nem por má fé, mas sim pela simples impossibilidade operacional de acompanhar este cenário apavorante no qual se transformou o modelo tributário brasileiro.
O risco de autuação e de eventuais execuções fiscais é constante e pode ser muito oneroso e até sacrificante. Os resultados são queda de lucratividade, aumento de endividamento por falta de recursos e comprometimento do fluxo de caixa, sendo este último o principal fator de insolvência empresarial. Por conta disso, embora construir um planejamento tributário seja um dos grandes desafios do setor logístico, este é um aspecto fundamental para que as empresas possam também usufruir dos incentivos fiscais oferecidos pelo poder público.
Se por um lado não é possível fazer milagres com incremento de receitas, é possível sim, manter os custos racionalizados sem necessariamente cortar indiscriminadamente. Racionalizar significa produzir melhor com os meios disponíveis e isto poderá garantir margens e resultados, apesar da queda de faturamento. As operações envolvendo entendimento, apuração e retenção de impostos, tributos, encargos e obrigações auxiliares precisam ser terceirizadas, assim como os processos precisam ser totalmente redesenhados e a operação automatizada. A tecnologia apoia na redução de custos e traz a segurança necessária para ajudar as empresas estarem em conformidade com os aspectos legais. Sem esquecer-se da maior rapidez operacional que traz importantes diferenciais junto aos clientes.
Conclui-se então que sem tecnologia não haverá sobrevivência em um setor tão competitivo e com altos custos, e isto quer dizer, tecnologia em constante evolução e atualização. Afinal, o que foi ótimo tecnologicamente ontem, é simplesmente bom hoje e amanhã será ultrapassado.
porCarlos Maffei
Carlos Maffei é diretor comercial e de relacionamento da Benner
Fonte: COMPUTERWORLD
Comentários
Postar um comentário
Compartilhando idéias e experiências sobre o cenário tributário brasileiro, com ênfase em Gestão Tributária; Tecnologia Fiscal; Contabilidade Digital; SPED e Gestão do Risco Fiscal. Autores: Edgar Madruga e Fabio Rodrigues.