Insinuações não valem mais: o “sistema”– seja ele qual for – invadiu sem dó o “espaço” dos humanos no mundo do trabalho. Sobre este fato, melhor esquecer a choradeira. O grave é que na visão de muita gente a pergunta não é mais “se” esta ou aquela função será substituída, mas “quando” isso acontecerá.
É melhor ter cautela sobre definições muito absolutas sobre o “quando”. Mas, dois pesquisadores de Oxford, Carl B. Frey e Michael A. Osborne, construíram uma escala de risco e identificaram que 47% das ocupações humanas poderão ser automatizadas em até uma década. O que interessa não é a data, mas o processo, o grau de risco de qualquer ofício ser automatizado.
A lógica dos pesquisadores de Oxford é herdeira de outras percepções. Em 2003, dois professores do MIT, David H. Autor e Brendan Price, redefiniram o conceito de rotina dividindo-o em “cognitiva” (classificar, codificar) e “manual” (linha de produção). Para eles, tarefas não rotineiras estavam protegidas por pedirem “solução de problemas”, porque exigiam “intuição, persuasão e criatividade”. Este artigo está em http://economics.mit.edu/files/9758
O alívio durou pouco. Em artigo de 2013, Frey e Osborne , partiram de “outro exame da natureza da tarefa humana” para discutir padronização de qualquer função. Quem permitiu esse outro “exame” foi o Bigdata. Basta pensar no “carro sem motorista” para entender. Todos os dados que constroem a decisão do motorista digital estão previstas na “padronização” dos dados acumulados e transmitidos do Bigdata.
Não é diferente com análise de crédito, redação de contrato jurídico, leitura de exame médico, ou fazer música ou poesia (não isso NÃO! Nunca!) Ou seja, o Bigdata padroniza as tarefas que exigem intuição, persuasão e criatividade.
Com a percepção desta possibilidade, Frey e Osborne observaram as 903 ocupações listadas no Departamento do Trabalho dos EUA e, cruzando dados com as possibilidades da automação, perceberam que 702 das ocupações enfrentavam “graus de risco” de padronização. Os 47%vieram deste cruzamento.
O estudo está em www.oxfordmartin.ox.ac.uk/downloads/academic/The_Future_of_Employment.pdf
Muita gente alerta para o grau de resistência dos humanos, que pode alterar esse “quando”. Porém, convém não subestimar o poder do Bigdata. Nem, o da redução de custos. Nem, o da eficiência.
Por Leonardo Trevisan, professor da PUC
Fonte: Estadão
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