Projeto do Ministério da Fazenda pode gerar caixa de R$ 32,5 bilhões apenas sobre o setor de Serviços, que pretende repassar o aumento para o consumidor, pressionando os preços e aprofundando a recessão
Aumento de impostos deve abastecer Tesouro, mas diminuir a atividade econômica |
Desemprego, inflação e recessão ainda maior. Este é o prognóstico de empresários e especialistas do mercado financeiro para a proposta do governo federal de unificar o PIS e o Cofins, impostos cobrados pela União sobre o faturamento de médias e grandes empresas, inclusive públicas.
Os primeiros sinais sobre a mudança foram dados pela própria presidente Dilma Rousseff em janeiro, quando mencionou a reforma do PIS-Cofins como opção para “agilizar o aproveitamento de créditos tributários pelas empresas”. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou ao assunto no dia 13 de julho, quando afirmou que a mudança “fica naquela categoria dos [projetos] que estão preparando o Brasil para crescer.”
Não é o que aponta levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), de julho. O estudo conclui que a unificação pressionaria a inflação porque, só as empresas de serviços, repassariam para o consumidor um reajuste médio de 4,3%. Esse repasse teria impacto de 0,6 ponto percentual sobre a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), hoje em 9,56%.
O setor deve ser mais afetado que a Indústria e o Comércio porque mais de 50% dos custos do segmento é com mão-de-obra, enquanto essa proporção é de 20% na Indústria. O estudo indica que Serviços passariam a transferir para o governo um montante de R$ 32,5 bilhões por ano.
Responsável por contratar o estudo, o presidente da Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas), Mario Berti, lamenta a sugestão do governo: “A simplificação e unificação de tributos é sempre importante, mas as regras do jogo devem ser mantidas, sem aumento de impostos, já que na prática é o consumidor que paga todo e qualquer tributo embutido no preço”.
Além do aumento dos preços, a recessão confirmada na sexta-feira (28) pelo IBGE pode se aprofundar. “A medida afeta principalmente as empresas que não têm margem de lucro suficiente para absorver um aumento de tributos desse porte”, avalia Bernardo Oliveira, diretor da Andersen Tax no Brasil, uma empresa americana de consultoria tributária. “O resultado disso é que postos de trabalho poderão ser fechados, contribuindo para o círculo vicioso da inflação e da estagnação .”
Esse aumento de impostos, ressalta Oliveira, gera ainda outro efeito negativo para o governo: “a perda da credibilidade junto aos investidores.”
Wanderley Preite Sobrinho
Fonte: Brasileiros
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